Em decisão já anunciada no mês passado, João Rezende, presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), despede-se hoje (29/08) oficialmente do cargo na agência reguladora após uma coleção de polêmicas – a maior delas foi a sua posição sobre o limite da internet banda larga fixa no Brasil. Tudo indica que Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso, deve assumir o cargo.
A gestão de Rezende foi marcada por inúmeras decisões importantes nas telecomunicações, algumas delas bem polêmicas. Sob o seu comando ocorreu o leilão da banda larga de quarta geração, o conhecido 4G . Além disso, ele proibiu a venda de chips pré-pagos por parte das principais operadoras do país, justamente por problemas na prestação de serviço ao consumidor.
No entanto, nenhum outro assunto desgastou tanto a imagem de Rezende quanto a proposta a internet fixa. Em discussões que começaram no ano passado, a Anatel informou que não se oporia ao limite da banda larga fixa, assim como já havia ocorrido com a conexão móvel – outro assunto que o consumidor não digeriu muito bem. Pessoas ligadas a ele chegaram a afirmar que o assunto foi debatido com a sociedade, o que gerou revolta de clientes pelo Brasil afora.
A gota d’água foram as seguidas e ferozes afirmações de Rezende em defesa do limite da internet fixa. Em uma delas, ele creditou os problemas aos jogadores de videogame. “Tem gente que adora, fica jogando o tempo inteiro, e isso gasta um volume de banda muito grande. É evidente que algum tipo de equilíbrio há de se ter porque, senão, nós teremos o consumidor que consome menos pagando por aqueles que estão consumindo mais. É essa questão da propaganda, do ilimitado e do infinito, que é um negócio que acabou desacostumando o usuário”.
O agora ex-presidente da Anatel chegou a dizer que a “era da internet ilimitada havia chegado ao fim”. Na internet, cogitou-se até mesmo um impeachment de Rezende. Mas, no fim, não foi preciso. A internet continua ilimitada, mas ele não.