Os brasileiros sentem-se excluídos das propagandas bancárias e isso afeta também a sua relação com o dinheiro. Cerca de 60% dos entrevistados não se identificam e nem se sentem representados em campanhas publicitárias veiculadas por instituições financeiras nas redes sociais, sejam elas tradicionais ou digitais. Esses são dados do estudo “Dismorfia Financeira” lançado pelo will bank.
Atualmente, os bancos ocupam apenas o sexto lugar na lista de setores mais representativos, com uma taxa de resposta de 24,95%. Essa preocupação ganha ainda mais relevância diante do cenário econômico do país, onde aproximadamente 78,3% das famílias estão endividadas, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Diante desses desafios, é necessário repensar estratégias para encontrar uma abordagem que se adapte a esse público e estabelecer uma conexão genuína com a realidade financeira dos brasileiros.
Comunicação inacessível
Uma constatação preocupante da pesquisa é que quase metade dos entrevistados, ou seja, 49%, consideram a linguagem utilizada pelos bancos como difícil de entender. Porém, a situação se agrava ainda mais quando observamos que esse número aumenta para 54% entre pessoas pretas e alcança 57% para a classe C.
A dificuldade em compreender os termos financeiros cria uma barreira na relação entre os brasileiros e as instituições financeiras, dificultando a inclusão financeira e impossibilitando que as instituições se aproximem de seu público. Dessa forma, é essencial que os bancos repensem suas estratégias comunicacionais, adotando uma abordagem mais acessível e compreensível, a fim de construir pontes com os clientes.
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“Na volta a gente compra”
Outro dado revelado pelo estudo é que cerca de 8 em cada 10 brasileiros (79%) desejam adquirir bens e serviços que anteriormente estiveram fora de seu alcance, como uma forma de buscar uma melhoria em sua situação financeira. Esse impulso de recuperar o que foi perdido na infância exerce uma influência significativa na percepção desses indivíduos em relação ao dinheiro, gerando sentimentos de inadequação e comparação.
Além disso, a pesquisa aponta que muitas dessas pessoas sentem-se em desvantagem quando comparam sua realidade com a de outras, alimentando um ciclo constante de insatisfação e busca incessante pela realização financeira. Impulsionados por esse desejo de superação, os brasileiros moldam seu comportamento de consumo.
Algo está sempre faltando
A dismorfia financeira transcende as barreiras socioeconômicas e afeta diversos segmentos da sociedade. Mesmo quando atingem um certo nível financeiro, muitas pessoas ainda têm a sensação de que algo está faltando, pois o padrão ideal, constantemente reforçado pela publicidade, parece estar sempre além do alcance.
Esse conflito entre a realidade e as expectativas criadas contribui para uma relação distorcida com o dinheiro, resultando em sentimentos de inadequação e ansiedade. A dismorfia financeira impacta diferentes camadas da sociedade e suas consequências para o bem-estar financeiro são significativas.
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Pessoas compram de quem elas confiam
Afinal, por que é importante para os bancos melhorarem essa comunicação com os clientes? Porque os consumidores são mais propensos a se identificar e permanecer fiéis a marcas que se assemelham a eles em termos de personalidade. É nesse contexto que a personificação da marca se torna essencial. O relacionamento bancário de um cliente inclui jornadas importantes que vão desde a integração e transação até a manutenção e resolução de problemas.
Ao adotar uma abordagem autêntica e personalizada, os bancos podem estabelecer conexões emocionais com seu público-alvo, fortalecendo a confiança e a lealdade. Essa comunicação alinhada com a identidade dos clientes cria relacionamentos duradouros e vantajosos para ambas as partes. Portanto, aprimorar essa comunicação é fundamental para fortalecer a imagem da marca e garantir a preferência dos clientes em um mercado altamente competitivo, onde a confiança é o diferencial na hora de escolher com quem fazer negócios.
A imagem dos bancos e a experiência do cliente
A falta de identificação dos clientes com a propaganda dos bancos pode também estar relacionada à experiência que eles vivenciam ao interagir com essas instituições. Enquanto as propagandas em geral buscam transmitir uma imagem positiva, ressaltando os valores e benefícios oferecidos, a realidade nem sempre corresponde às expectativas criadas.
Processos de conformidade mal projetados e burocráticos podem prejudicar a experiência, causando frustração e insatisfação. Além disso, a falta de personalização e agilidade no atendimento também contribui para a desconexão entre o que é prometido e o que é entregue aos clientes. Para reverter essa situação, os bancos devem focar em aprimorar a experiência do cliente, desde os processos de conformidade até a oferta de soluções financeiras personalizadas, a fim de estabelecer uma identificação genuína com sua marca.
Inclusão financeira
Em um cenário desafiador, as instituições financeiras estão diante da necessidade premente de reavaliar suas estratégias de comunicação e publicidade, a fim de estabelecerem uma conexão mais profunda com seu público. É imprescindível investirem em uma linguagem clara e acessível, capaz de descomplicar os jargões financeiros e promover a inclusão de todos os segmentos da sociedade.
Além disso, é fundamental promover uma educação financeira eficaz, que capacite os indivíduos a lidarem de forma mais saudável com o dinheiro. Isso ajudará a superar a dismorfia financeira e construir uma relação mais equilibrada e consciente.
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