Ano após ano, aumentam de maneira expressiva os índices de fraudes cibernéticas. Desde o início da pandemia, no ano de 2020, foram registrados cerca de 5 mil ataques por dia à América Latina — sendo o Brasil o país com o maior número de cibercrimes e dados vazados do continente. Diante dessa realidade, nunca foi tão importante investir em cibersegurança.
Em 2022, em uma perspectiva otimista, passamos a contar de forma mais expressiva com esforços da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a regulamentação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Ainda assim, o desafio é grande: de acordo com um estudo da Surfshark, uma companhia holandesa de cibersegurança, o Brasil é o 4º país do mundo que mais apresentou casos de usuários violados, com dados vazados, no segundo trimestre de 2022, atrás da Rússia (28,8 milhões de usuários atingidos), Índia (4,4 milhões) e China (3,4 milhões). Na América do Sul, o Brasil lidera o ranking pelo segundo trimestre seguido.
Para se ter ideia do tamanho do impacto dos ataques cibernéticos e vazamento de dados por aqui, a pesquisa mostra que, no segundo trimestre deste ano, 3,2 milhões de usuários brasileiros foram atingidos por algum tipo de exposição, um aumento de 771% em relação ao primeiro trimestre de 2022. Em uma explicação mais simples: 459 pessoas têm seus dados vazados a cada 60 segundos.
Assine a nossa newsletter e fique atualizado sobre as principais notícias da experiência do cliente
Dados vazados: uma questão de urgência para cibersegurança
Ainda que o Brasil tenha apresentado dados chocantes sobre a quantidade de usuários que tem, diariamente, seus dados vazados na web, esse não é um problema único do nosso País.
O mesmo estudo da Surfshark mostra que, desde 2004, no mundo, já são mais de 15 bilhões de contas que tiveram seus dados pessoais copiados, transmitidos, visualizados, roubados ou usados ilegalmente — um número inclusive maior do que a própria quantidade de pessoas no planeta. Ou seja, o desafio de trazer mais cibersegurança é, na verdade, bem global.
O diferencial é que, por aqui, 244,4 milhões de contas já foram invadidas desde 2004. E as maneiras de acesso às contas são um pouco diferentes. O levantamento destaca que a cada dez contas vazadas no Brasil, metade é roubada com senha, o que mostra uma grande fragilidade na força dessas senhas e na forma de armazenamento delas — muitas vezes anotadas nas notas do smartphone, compartilhadas em mensagens de redes sociais etc.
“Em toda a América do Sul, uma pessoa comum foi afetada por violações de dados pelo menos uma vez. No entanto, no Brasil, essas estatísticas aumentam ainda mais. A diferença pode ser devido aos hábitos online dos usuários brasileiros ou práticas de coleta de dados por vários serviços ou aplicativos. A alta no número de contas afetadas mostra que há mais a ser feito em relação à proteção de dados online”, diz Arneska Sabloskaja, especialista em dados da Surfshark.
Leia mais: Cadê a cibersegurança? Os 10 ataques virtuais mais importantes da História
Formas de combate e educação na web
Com o conhecimento adquirido pelos episódios notórios de cibercrimes por aqui, uma série de empresas e autoridades governamentais já criam estratégias para combater essa insegurança digital no País. A LGPD é uma delas, mas há outras iniciativas rodando por parte de corporações voltadas à proteção de dados.
Mas, a nível nacional, uma das estratégias que mais tem funcionado por aqui é a chamada educação na web: fornecer informação e conhecimento sobre maneiras de se proteger no mundo digital, criando senhas mais fortes, proteções de ponta a ponta nas contas, reconhecimento dos principais golpes e fraudes.
Esse conhecimento precisa ser repassado tanto para trabalhadores — o que pode ser uma ação por parte das empresas e do próprio Governo Federal —, como também a crianças e adolescentes, uma matéria a ser discutida nas escolas e faculdades.
+ Notícias
O que o caso Americanas nos ensina sobre o problema de cibersegurança no Brasil?
Como as deepfakes têm o potencial de impactar as empresas brasileiras?