Quando pensamos em consumo de açúcar, imaginamos logo o açúcar de mesa, aquele que vai no cafezinho e em receitas caseiras. Assim, é comum aceitar a substituição por adoçante e “esquecer” o assunto, muitas vezes, sem prestar atenção a um poderoso vilão: o açúcar escondido.
Sim, porque por mais que o consumidor tenha trocado o açúcar de mesa pelo adoçante, por outro lado, aumentou o consumo de refrigerantes, doces, balas e chocolates. Ou seja, o açúcar que a gente não vê, mas que está embutido nesses produtos e, muitas vezes, em quantidades muito maiores do que as recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esses dados foram compilados pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e também revelam que o Brasil é o 4º maior consumidor de açúcar (sacarose) no mundo, sendo superado somente pela China, União Europeia e Índia.
Para tentar mudar esse cenário, o Idec lançou o Especial Açúcar que você não vê, a fim de alertar os consumidores sobre os perigos do consumo excessivo deste tipo de carboidrato. O material reúne infográficos e dados recentes sobre o assunto. “Os brasileiros têm consumido mais de 50% acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde, de até 10% das calorias da dieta. Uma lata de refrigerante de cola, por exemplo, contém 7,4 colheres de açúcar”, revela Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Instituto e responsável pelo material.
Sobre o “açúcar escondido”, Ana Paula faz um alerta: “é importante estar atento à lista de ingredientes dos produtos, já que a substância pode ser mencionada com nomes diferentes, como glicose, maltodextrina, néctares, sacarose e outros”.
Uma sugestão simples para reduzir o consumo de açúcar é sempre optar por alimentos in natura. Se isso não for possível, quanto menos processado o alimento, melhor. Vale conferir as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira. “Não troque comida feita na hora e fique com as sobremesas caseiras, dispense as industrializadas”, diz Bortoletto.
Adoçante X Açúcar
Embora o adoçante possa ajudar a reduzir a quantidade de açúcar da mesa, não seria a forma ideal. Porque é preciso remodelar o paladar para os alimentos mais naturais. Além disso, segundo a nutricionista do Idec, não há evidência de que a substituição do açúcar pelo adoçante traga vantagens para a saúde. E o paladar continua habituado ao sabor adocicado. “Isso estimula as pessoas, principalmente as crianças, a preferir alimentos com sabor mais doce”, completa a nutricionista.
O Especial do Idec ainda traz orientações práticas com base nos direitos dos consumidores à informação clara e correta. “Esperamos sensibilizar a todos sobre o tema, destacando orientações que empodere a sociedade a realizar escolhas alimentares mais saudáveis”, finaliza Bortoletto.