Depois de sofrer uma queda relevante de seis posições no ranking que avalia a competitividade, o Brasil chega a sua pior colocação em 20 anos. De acordo com o levantamento divulgado pelo Fórum Econômico Mundial e parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), o País perdeu 33 posições só nos últimos quatro anos e chegou à 81ª colocação, entre 138 países, revelando sinais claros da forte crise econômica e declínio de produtividade.
O resultado disso é uma menor sofisticação dos negócios e baixo grau de inovação, e um distanciamento significativo dos demais países do grupo dos BRICs e do G20. Segundo o relatório, o Brasil perde espaço internacional e agrava inúmeros indicadores de competitividade. Esta posição coloca o país abaixo de alguns de seus principais concorrentes e aponta para um agravamento da desaceleração do crescimento e da produtividade, indicando uma recessão de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2016.
De acordo com Carlos Arruda, professor da FDC e coordenador da pesquisa no Brasil, uma das explicações para o baixo desempenho brasileiro, além do cenário de desaceleração da economia mundial que oferece forte resistência desde a crise de 2008, é a polarização política pós-crise e a perda de produtividade global. “Há também um destaque para o fim do ciclo da produtividade baseado na microeletrônica e na automação, o que chama a atenção para a emergência de um novo paradigma tecnológico caracterizado pelo crescimento exponencial da digitalização: a denominada Industria 4.0 ou Smart Industry”, pontua Arruda.
No entanto, apesar da queda no ranking, o relatório aponta oportunidades promissoras para o Brasil, com destaque para a maior inserção internacional, o espaço para o investimento privado, a internacionalização das empresas brasileiras, nova pauta de inovação tecnológica, e simplificação e modernização dos marcos regulatórios.
Segundo Arruda, o levantamento reflete a falta de clareza sobre o momento atual do Brasil e para onde o País pretende ir. “Sem orientações definidas, sem uma perspectiva do que fazer e dentro de um processo de isolamento, dificulta obtermos soluções de curto prazo, quiçá de médio e longo prazos”. Contudo, o pesquisador destaca que apesar das baixas taxas de investimento e instabilidade econômica, as instituições e a sociedade começam a dar sinais de recuperação. “O desenvolvimento da competitividade brasileira só será possível a partir da incorporação de tecnologias, amadurecimento das empresas e empresários, aumento da produtividade e ganhos de comércio internacional, via uma agenda clara e transparente”, finaliza Arruda.
Os primeiros colocados são: Suíça, Singapura e Estados Unidos, respectivamente, repetindo o mesmo ranking do ano passado.