O Brasil registrou a menor taxa de fecundidade de sua história: 1,6 filho por mulher, de acordo com os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número está abaixo do nível considerado necessário para manter a população estável. A taxa de reposição populacional é fixada em 2,1 filhos por mulher.
A fecundidade representa o número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva. Em 1960, o índice brasileiro era de 6,3. Desde então, o número vem diminuindo de forma constante: 4,4 nos anos 1980, 2,4 em 2000, até atingir os atuais 1,6. A queda começou na região Sudeste e, com o tempo, se espalhou por todo o país.
O recorte regional mostra que o Sudeste tem a menor taxa (1,41), seguido pelo Sul (1,50), Centro-Oeste (1,64), Nordeste (1,60) e Norte (1,89) — única região ainda acima da média nacional.
A pesquisa também revela diferenças significativas entre grupos sociais. Mulheres indígenas têm, em média, 2,8 filhos, enquanto mulheres brancas registram média de 1,4. Entre as mulheres com ensino superior completo, a fecundidade é ainda mais baixa: 1,2 filho.
No recorte religioso, mulheres evangélicas apresentam as maiores taxas de fecundidade (1,7), seguidas por católicas (1,5), mulheres sem religião (1,4), adeptas de religiões de matriz africana (1,2) e espíritas (1).
Maternidade tardia e novas escolhas
Os dados do IBGE indicam também um adiamento crescente da maternidade no país. Em 2022, a idade média das brasileiras ao ter filhos foi de 28,1 anos. Em 2000, essa média era de 26,3. Pela primeira vez, o grupo com maior taxa de fecundidade foi o de mulheres entre 25 e 29 anos. Em 2010, o pico ocorria entre 20 e 24 anos.
Todas as faixas etárias acima de 30 anos registraram aumento na taxa de fecundidade entre 2010 e 2022, enquanto os grupos mais jovens mostraram queda.
O Distrito Federal lidera com a maior média de idade para a maternidade (29,3 anos), e o Pará aparece com a menor (26,8 anos).
Outro dado que chama atenção é o crescimento no número de mulheres que chegaram ao fim da vida reprodutiva sem ter filhos. Entre as brasileiras de 50 a 59 anos, 16% não tiveram filhos nascidos vivos em 2022. Em 2000, esse percentual era de 10%. Segundo o IBGE, essa mudança está relacionada à postergação da maternidade e à redução do desejo de ser mãe.