O Carrefour, segundo maior grupo varejista do mundo, disse que o crescimento das vendas desacelerou no Brasil e ficou negativo na China nos últimos três meses de 2013, um baque em dois grandes mercados emergentes nos quais a companhia planeja se expandir.
As ações da empresa francesa caíam 3,24 por cento às 11h50 (horário de Brasília), depois do Carrefour também ter divulgado um avanço mais lento em hipermercados domésticos do que no trimestre anterior, embora tenha saudado um retorno ao crescimento na Espanha pela primeira vez em cinco anos.
“Foram resultados muito mistos”, disseram analistas do Bernstein.
O Carrefour está lutando para reverter anos de fraco desempenho da Europa, região responsável por 65 por cento de suas vendas. Os problemas devem-se em parte a uma dependência do formato de hipermercado, em cuja introdução foi pioneiro, num momento em que clientes com pouco tempo disponível estão comprando mais localmente e online, e adquirindo bens não-alimentares de lojas especialistas.
O presidente-executivo da empresa, Georges Plassat, teve algum sucesso no mercado doméstico com a estratégia de cortar custos e reformular lojas, melhorando a competitividade de preços, simplificando as ofertas de produtos e dando mais autonomia aos gerentes das lojas.
Ele também destacou o Brasil, segundo maior mercado da empresa atrás da França, e a China como principais mercados para expansão.
Mas o Carrefour divulgou que as vendas em lojas chinesas abertas há mais de um ano caíram 3,1 por cento no quarto trimestre em comparação com um aumento de 1,1 por cento no terceiro trimestre.
O Carrefour também revelou que o crescimento das vendas comparáveis no Brasil desacelerou para 5,8 por cento, contra 8,8 por cento no terceiro trimestre.
No entanto, a empresa se comprometeu a avançar com planos de expansão na maior economia da América do Sul, e, notadamente, acelerar a aberturas de lojas da bandeira Atacadão, de autosserviço.
O vice-presidente financeiro do Carrefour, Pierre-Jean Sivignon, reiterou que uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) era uma opção entre outras consideradas pela empresa para financiar sua expansão no Brasil.
O Carrefour, segundo maior do mundo atrás apenas do norte-americano Wal-Mart, disse que as vendas gerais do quarto trimestre somaram 22,2 bilhões de euros, um crescimento sobre as mesmas bases de 3,2 por cento, excluindo efeitos de combustível e de calendário.
“Apesar das tendências relativamente fracas hoje, ainda achamos que a recuperação na França está no caminho certo e o grupo parece estar tomando as medidas adequadas em outros países, em particular na Itália, para melhorar as operações, margens e retornos”, disseram analistas do Société Générale.
Na França, que representa mais de 40 por cento das receitas do grupo, as vendas nas mesmas lojas em hipermercados do Carrefour subiram 1,4 por cento em comparação com um aumento de 3 por cento no terceiro trimestre.
Na Espanha, o terceiro maior mercado do Carrefour, as vendas subiram 0,2 por cento sobre as mesmas bases. Sivignon disse que queria esperar outro trimestre antes de classificar a melhoria da performance como uma tendência no país.
O clima econômico ainda estava difícil na Itália, onde as vendas caíram 5,9 por cento, com a necessidade de alguns outros trimestres para que campanhas, como promoções, dessem frutos, disse ele.
* Via Reuters