O pioneirismo faz parte da história da Warner Bros, desde que os quatro irmãos (Harry, Albert, Sam e Jack) fundaram a empresa em 1923 até hoje. Muita coisa mudou na forma de como a sociedade se conecta e principalmente consome. Independentemente dos novos tipos de formato de entretenimento, nenhuma dessas mudanças fizeram com que a organização ficasse para trás.
A companhia fundada há mais de 100 anos é uma das cinco grandes empresas de cinema de Hollywood, com uma receita que ultrapassa os 30 bilhões de dólares. Sua entrega vai muito além de filmes, com tecnologia de última geração, storytelling aplicado e sempre focado no comportamento social, a indústria continua fazendo história como fez em 1926 ao unir imagem e som, lançando o primeiro filme sonoro.
A Warner Bros traz a ficção para a realidade, materializando em filmes, produtos e serviços as narrativas das mais diversas gerações. Aposto que você não se lembra o nome de todas as pessoas que participaram da sua última reunião online, mas com certeza se lembra do nome de um filme ou personagem que assistiu anos atrás, ou até mesmo na sua infância.
As substâncias químicas que regulam nossas atividades cerebrais são rapidamente acionadas com uma história, e quanto mais envolvidos emocionalmente estamos, menos críticos nos tornamos. Conexão é o que toda marca precisa buscar, antes de querer oferecer algo.
A série Friends foi lançada em 1994 e foi gravada até 2004. Estamos em 2022 e neste instante em seu ciclo social, certamente, existe alguém apaixonado pelo seriado e que facilmente reconhecerá a foto abaixo.
O processo de imersão do que se vê nas telas, acontece diariamente no complexo com mais de 30 estúdios que a Warner possui em Los Angeles, um tour disponibilizado ao público os leva a conhecer os detalhes de todo o processo de construção de um filme. É de fato trazer o cliente para dentro da empresa.
Além disso é uma estratégia para sensibilizar as diferentes gerações que passam por lá – os pais que assistiram seriados ou filmes na época que foram lançados e despertar o interesse das últimas gerações nos últimos filmes lançados, como poder ver de perto o carro do Batman no último filme lançado, em 2022. O storytelling é a única ferramenta que possibilita uma marca transcender gerações.
Para Helen Alberecht, da Warner, “não existe entretenimento sem a arte de encantar as pessoas e tecnologia, afinal o poder do storytelling, é nítido quando vemos algo termina quase há 20 anos e continua na memória das pessoas”, complementa.
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Ciência comprova como nos envolvemos nas histórias
Estudos promovidos por neurocientistas buscam compreender como o cérebro reage ao se envolver em uma narrativa. O acoplamento neural, fenômeno em que os nossos neurônios espelhos responsáveis por copiar os comportamentos feitos pelos outros, são ativados fazendo com que o consciente começa a se projetar no protagonista e esquece que é somente um espectador.
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A partir do momento em que as pessoas se aproximam de uma história de um personagem, absorve-se o contexto e bagagem emocional. Sendo assim, o organismo reage, libera a oxitocina e ativa regiões que se relacionam com a empatia. Por isso, muitas vezes um protagonista acaba sendo escolhido como representante da história de um fã, pela pseudo proximidade que é criada.
A tecnologia também faz parte do roteiro
Os recursos digitais são aliados para a realização da conexão humana, é por meio dela que conseguimos adiantar processos e reduzir distâncias. A tecnologia contribuí na criação de um filme, funcionando como uma espécie de imaginação com vida própria, seja na hora de escanear um corpo para projetar um personagem ou dublar uma cena novamente para sincronizar o áudio.
A história que era lida, hoje precisa ser vivida.
Gerar experiencias imersivas, trazer o cliente para o centro, é construir Brand Experience.
Em uma parte da visita aos estúdios existe um espaço chamado, “Action and Magic Made Here” (ação e magia são feitas aqui), em que o público literalmente fica em êxtase de poder visitar ou brincar com as atrações de The Wizarding World of Harry Potter: chapéu de bruxa, treinamento para utilizar uma varinha e visitar o famoso quarto embaixo da escada, onde o bruxo vivia.
Para os fãs de DC, armaduras dos heróis e antagonistas, adereços originais, vestuários e locais instagramáveis são disponibilizados nas paredes e espaços do local para que o público se imagine dentro daquele espaço.
A criação de experiências como estas torna praticamente impossível que qualquer pessoa não se apaixone e fique curioso para saber o que está por vir.
“Cada tour é único e sempre fazemos trocas ao ver que tem algum fã no grupo. Adaptamos o roteiro para passar em um local que remeta à obra fictícia para mudar, não só sua visita, mas seu dia. Buscamos também por meio das luzes, músicas e boas interações, gerar proximidade com os visitantes” complementa a colaboradora.
Esse brilho nos olhos não acontece só com público visitante, é possível perceber o quanto Helen é apaixonada pelo o que faz. “É muito fácil vender algo que se ama, ainda mais se não é um produto normal. Posso falar, tranquilamente, das produções porque assisti todas”, afirma Alberecht.
Com isso aprendemos o seguinte:
1- Histórias perpetuam gerações e fazem com que marcas gerem valor (em vez de preço) em seus serviços e produtos. Isso é Storytelling.
2- A venda, quando relacionada à uma conexão emocional, se torna mais fácil para quem vende e mais prazerosa para quem compra. Isso é Brand Experience.
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*Natanael Sena é membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), filiado à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a International Brain Research Organization (IBRO), Natanael Sena é Sócio da Brand & Stories e Fundador da InSenna Storytteling e estará no Conarec 2022.