Por Jade Castilho
O toque da campainha, tão representativo para os investidores do mercado financeiro, foi dedicado, nesta sexta-feira, à igualdade de gênero. No Dia Internacional da Mulher, a B3, juntamente com outras 84 Bolsas de Valores ao redor do mundo, promoveu o “Ring the Bell for the Gender Equality”.
Primeira Bolsa de Valores a assinar os princípios de igualdade de gênero do Pacto Global da ONU, os WEP’s, a B3 anunciou nesta sexta a aderência ao Programa Diversidade em seu conselho. “Acreditamos que teremos ainda mais condição de mobilizar empresas, mercados e investidores desse ramo. Juntos podemos fazer a diferença”, afirmou o presidente Gilson Filkenstein. A iniciativa faz parte da agenda de contribuições da Bolsa de Valores com os princípios da organização.
Compromisso com a igualdade
A abertura do evento contou com a presença de Ana Carolina Querino, representante da ONU Mulheres no Brasil. Para ela, assumir o compromisso com a igualdade é urgente e esse objetivo deve ser atingido no País até 2030. “Temos já um caminho de avanços, mas se continuarmos nesse ritmo levaremos mais de 100 anos para alcançar essa igualdade, que é urgente”, afirmou.
Segundo Ana Carolina, o empoderamento econômico das mulheres é uma das cinco áreas centrais de trabalho da ONU mulheres no núcleo do Brasil e significa contribuir com a diversidade. “Empoderar economicamente as mulheres é pensar em serviços e produtos que melhoram a qualidade de vida das mulheres. Se somos diversos, complexos, essa diversidade deve contribuir nesse processo”, completa.
Eis, a seguir, a lista de princípios da ONU:
- Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível;
- Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação;
- Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa;
- Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres;
- Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing;
- Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social;
- Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.
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Apesar do aumento dos debates sobre a inclusão de mulheres no mercado e na gestão de corporações no mundo, segundo índice da S&P500, o número de mulheres como CEO das 50 maiores empresas do mundo caiu de 32 para 24 em 2018.
Na Europa, o cenário também apresenta dificuldades. Cécile Merle, primeira secretária da União Europeia no Brasil, destaca a pouca participação das mulheres. “Somente ¼ das empresas na Europa têm mulheres ocupando altos cargos. Mais um desafio nesse sentido”, comenta.
Luta compartilhada
A batalha por igualdade de gênero também conta com a participação dos homens. Sergio Rial, CEO do Banco Santander, onde 60% das gerentes são mulheres, destacou a importância da mulher em reconhecer o seu papel e dos homens perceberem sua posição em maioria.
“As mulheres devem buscar o protagonismo, a vontade de querer vencer e saber que a competência não tem gênero”, ressaltou.