O mercado de cartões de benefícios no Brasil tem se expandido de forma notável nos últimos anos. Esse crescimento reflete uma crescente demanda por soluções que proporcionem maior praticidade e flexibilidade no gerenciamento de benefícios para empresas e colaboradores. Desde vale-alimentação e refeição até auxílios de transporte e cultura, esses cartões têm se tornado instrumentos essenciais para empresas que buscam melhorar seus processos de gestão de benefícios, além de se adaptarem a um cenário econômico em constante transformação.
Além disso, esse setor vem também se diversificando, com novas tecnologias e serviços que buscam atender tanto a empresas quanto a seus colaboradores, oferecendo soluções mais integradas, seguras e eficientes. Isso acontece em um cenário em que o mercado de trabalho também passou por grandes transformações. Com a entrada de novas gerações e a convivência de diferentes perfis dentro das empresas, percebemos que os benefícios precisam ser adaptáveis. Hoje, não faz sentido oferecer o mesmo pacote para todos os funcionários. Além disso, existe mais foco no consumidor.
Qual flexibilidade?
O setor tem falado muito sobre flexibilidade, mas esse conceito pode ter várias interpretações. Em 2019, por exemplo, flexibilidade acessível ampla era: o colaborador queria usar seu vale-refeição em qualquer lugar. Hoje, a flexibilidade está mais relacionada à personalização dos benefícios, permitindo que as empresas escolham pacotes que atendam melhor seus funcionários.
“Realizamos uma pesquisa com clientes do setor de RH para entender o que eles esperam dos benefícios. O RH, geralmente, tem dois objetivos principais: garantir que tudo funcione bem, sem reclamações dos colaboradores, e reter e engajar talentos. Com a mudança geracional, tem sido cada vez mais desafiador e reter bons profissionais. Os benefícios são um fator essencial nesse processo”, comenta Ferdinando Gomes, gerente de Marketing e Insight da Pluxee.
Nesse cenário, os benefícios podem ser personalizados de acordo com os diferentes perfis de colaboradores – mesmo dentro da mesma empresa. Isso acontece porque o RH pode parametrizar quais tipos de benefícios cada grupo de funcionários recebe. Por exemplo, um setor pode ter apenas alimentação, enquanto outro recebe alimentação e refeição. Além disso, as campanhas de incentivo podem ser personalizadas para equipes, baseadas em desempenho.
A importância dos benefícios na retenção de talentos
Uma variedade de benefícios pode influenciar na retenção de talentos. Ao mesmo tempo, uma pesquisa realizada pela Pluxee identificou que os voltados para alimentação ainda são os preferidos dos colaboradores. Isso ocorre porque o valor disponibilizado mensalmente muitas vezes não cobre todas as despesas com refeição.
“Assim, quando perguntamos qual benefício os colaboradores mais valorizam, mais de 60% apontaram o vale-alimentação como prioridade. Os funcionários preferem ter esse benefício garantido, pois, caso contrário, precisarão usar o próprio salário para cobrir essas despesas. Além disso, percebemos que oferecer tanto alimentação quanto refeição aumenta o nível de satisfação dos funcionários. Empresas que oferecem ambos os benefícios registram um NPS (Net Promoter Score) três vezes maior do que aquelas que oferecem apenas um dos dois”, reforça Ferdinando.
O executivo pontua ainda que os funcionários estão cada vez mais preocupados com os benefícios que vão receber, e isso vai além da alimentação. São considerados importantes também fatores como seguro saúde, horário flexível e trabalho remoto.
“O que sempre buscamos com nossos clientes é ir além do pacote que eles são obrigados a oferecer. Mas, nesse processo, encontramos três tipos de clientes: aqueles que só querem fornecer o que é exigido, aqueles que desejam oferecer algo a mais e, por fim, a empresa que utiliza os benefícios como uma ferramenta de engajamento”, destaca.
Saúde mental em foco
Durante e após a pandemia, surgiu a oferta de um serviço chamado “Pluxee Cuida”, que inclui apoio psicológico, financeiro e jurídico. Antes, era pouco provável que o RH cogitasse esse tipo de benefício, pois a preocupação geralmente se limitava ao que era obrigatório ou previsto em convenção coletiva. No entanto, foi percebida uma grande adesão por parte dos clientes, pois são soluções altamente valorizadas pelos colaboradores.
“O mercado vem apresentando mudanças e novas necessidades que surgem constantemente”, pontua Claudia Storch, diretora-Executiva de Operações e Experiência dos Clientes na Pluxee. “No nosso trabalho com experiência do cliente, adotamos uma segmentação muito personalizada. Em vez de classificarmos os clientes apenas por setor, analisamos seu porte, número de funcionários, expectativas e necessidades específicas. Isso nos permite oferecer um atendimento diferenciado e soluções mais adequadas para cada perfil”, acrescenta.
O uso das novas tecnologias no mercado de benefícios
Na era da Inteligência Artificial (IA), as novas tecnologias estão inseridas nos processos e atendimento no setor de benefícios. Essas inovações são utilizadas para facilitar o trabalho interno, com o objetivo de automatizar ações repetitivas para que os colaboradores tenham mais produtividade e uma rotina mais agradável, focando em atividades mais interessantes.
“Temos diversos canais de atendimento e diferentes perfis de clientes. Por isso, sempre procuramos entender o que o cliente deseja. Nosso grande esforço está na digitalização do atendimento. Já utilizamos um chatbot com IA. No entanto, mantemos canais de atendimento humano para atender clientes que preferem esse tipo de interação”, explica Claudia.
A executiva reforça que, mesmo quando é oferecido um aplicativo intuitivo, alguns consumidores preferem o atendimento humano. Diante disso – e com o objetivo de atender todos os públicos – existe um equilíbrio entre os formatos de atendimento. “Buscamos equilibrar entre soluções digitais rápidas e intuitivas para aqueles que sabem resolver tudo sozinhos e um atendimento mais próximo para quem precisa de suporte mais detalhado. Queremos avançar na digitalização sem perder o fator humano”, reforça Claudia.
Desafios e futuro do mercado de benefícios
O mercado de benefícios tem passado por uma transformação silenciosa, mas profunda. Antes limitado a oferecer soluções tradicionais como vale-alimentação e vale-refeição, o setor começa a responder a novas demandas de flexibilidade e personalização por parte das empresas e, principalmente, dos próprios colaboradores.
“Quando pensamos no futuro, percebemos que a tendência é oferecer benefícios de forma mais flexível. Atualmente, o mercado ainda é muito focado em alimentação e refeição, mas há um movimento para incorporar novas soluções que atendam tanto a RH quanto o consumidor final”, frisa Ferdinando.
Ainda de acordo com o executivo, uma grande mudança é a maior escuta do consumidor. Cada vez mais, os próprios funcionários pressionam as empresas para oferecer benefícios que façam sentido para suas vidas. Hoje, os trabalhadores sabem que podem negociar não apenas salário, mas também benefícios e qualidade de vida.
“Hoje, os pacotes de benefícios se tornaram mais uma decisão mais estratégica das empresas para retenção e engajamento de talentos”, enfatiza Cláudia. “As empresas devem adotar uma abordagem mais consultiva, entendendo quais benefícios realmente fazem diferença para os colaboradores e como isso pode impactar a atração e retenção de talentos”, finaliza Ferdinando.