É indiscutível que o Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions é um dos maiores eventos do mundo. Sem a menor sombra de dúvidas, é ele quem traça o caminho da propaganda, da criatividade e da geração de conteúdo a cada ano. Para as agências, ter “um Leão” é um grande argumento, uma prova de competência e, é claro, de capacidade de criação.
Porém, um dos grandes desafios do festival está nos bastidores. Os jurados também são vencedores, uma vez que enfrentam o desafio de escolher a campanha ideal em cada uma das categorias. Não por acaso, o Estadão realizou o evento Cannes Lions Winners, que trouxe palestras e debates de júris brasileiros que participaram da votação de 2016.
Como afirma Luis Padilha, vice-presidente de Mídia da AlmapBBDO, apesar da crise, com 30% a menos de inscrições na premiação, o número de vitórias do Brasil foi acima da média. Naturalmente, o tema tecnologia esteve presente em todas as categorias citadas – entre elas, mobile e cyber. “Não há mais campanhas sem mídias sociais”, comenta.
Assim, Margot Doi Takeda, sócia-fundadora da A10 – Ideias que transformam, comenta cita o case do McDonald’s – que colocou um chip da embalagem do McFish, para mostrar a origem do peixe em questão – e o da Lockheed Martin, que criou uma experiência de Realidade Virtual dentro de um ônibus, com o objetivo de ensinar e divertir ao mesmo tempo.
Mas, por mais que os exemplos sejam incríveis, é sempre difícil escolher. “O ambiente dos bastidores de Cannes é hostil”, comenta Hugo Rodrigues, CEO da Publicis. “E a propaganda não é romance, é networking e muito trabalho”.
Nesse contexto, ele cita que, nos dias atuais, buscar soluções para a vida das pessoas é muito mais eficiente do que simplesmente fazer propaganda. “Não existe propaganda que segure quem não entrega o que promete”, aponta.
Luta pelo consenso
Igor Puga, vice-presidente de Inovação e Integração da DM9DDB explica que o maior desafio do júri em Cannes é chegar a um consenso. Afinal, são muitos contextos e culturas diferentes tentando chegar a uma opinião comum.
Assim, os componentes do júri do qual ele fez parte separaram a avaliação em dois critérios – que iam muito além do “bom” ou “ruim”. De uma maneira geral, verificaram a criatividade dos cases, a capacidade de execução e de deixar um legado, a transformação de um estado pré-estabelecido.
Nesse caso, outro exemplo indispensável (que foi escolhido) é o projeto The Next Rembrandt. Utilizando algoritmos para identificar padrões entre as obras de Rembrandt, o resultado foi possível graças a uma parceria entre o ING, a Microsoft, a Tu Delft e a Mauritshuis. É como se a tecnologia tivesse ressuscitado o artista para que mais uma obra fosse feita.
Transformação
No fim das contas, Cannes permite diversos temas de diálogo: inovação, criatividade, tecnologia, etc. Mas, a lição que fica é muito mais profunda (e isso ficou claro no evento em questão): os consumidores não querem mais produtos, mas desejam soluções para os problemas do cotidiano. É isso o que faz com que o Uber, por exemplo, seja uma marca tão forte.
E você? O que gostaria que as empresas criassem para melhorar a sua vida?