O Grupo Boticário hoje é o maior conglomerado de marcas de perfumaria e cosmética do País, mas começou com apenas uma, que leva o nome do grupo, lá nos idos anos 70. Para fazer o grupo crescer, o fundador, Miguel Krigsner, passou por vários desafios pessoais e como empreendedor. E ele empresta todo esse conhecimento aos pequenos e médios varejistas.
E a primeira lição é aquela que fez o grupo ser um grupo. ?Tem de inovar, tem de perceber no seu negócio as possibilidades de inovação?, afirma. ?Às vezes um ótimo atendimento, o cuidado com o consumidor é uma maneira e cria uma fidelidade, uma forma de atrair gente para o seu negócio?, avisa o executivo. Ter um bom produto já é uma forma de inovar, acredita.
Mas é no atendimento que o pequeno varejista precisa se apegar, porque está no alcance dele. ?Isso é fundamental para o pequeno e médio varejista?, diz. Para o executivo, hoje, o consumidor carece de cuidado e atenção por parte do varejo. ?Falta atenção, falta a entrega ao consumidor, saber ouvi-lo e entendê-lo?, avalia. E sai na frente aqueles que entendem da psicologia da jornada de consumo.
Entender quais são as necessidades e os desejos dos clientes ? da onde eles vêm e como supri-los. ?Precisa entender essa questão comportamental para ter sucesso. Não é só comprar e vender. É entender a essência e o que dá sentido ao negócio. E saber respeitar o consumidor?, assinala.
Em tempos como o que vivemos agora, cuidar do caixa também não deve ser negligenciado ? ainda mais para quem está começando agora. ?Cuide do endividamento, porque estamos vivendo um momento nebuloso no País em que temos de perceber como as coisas vão se comportar para dar os próximos passos?, avalia.
Krigsner sabe do assunto. O Boticário passou por vários momentos econômicos diferentes, de hiperinflação aos planos econômicos sucessivos do início da década de 90. E mesmo assim conseguiu manter o negócio de pé até ganhar musculatura, crescer organicamente e ganhar fôlego para se multiplicar, por meio de outras marcas, a partir de 2011.
Para passar por meio a tantos movimentos, o executivo apostou na confiança de quem estava ao seu lado. ?Confiança é um ponto fundamental para atravessar qualquer situação e qualquer crise?, avalia. Outro ponto é ter a certeza de que a empresa tem um papel social importante para o seu entorno. ?Tem de ser quase uma instituição. E quando isso acontece, a própria população acaba de alguma forma te abraçando e te protegendo contra essas intempéries?, afirma.
Ter jogo de cintura é parte do negócio. Tem de ter. E ponto. ?Uma empresa não pode ser rígida para não quebrar. Se o mar está em turbulência, você não pode prender a âncora, porque pode vir uma onda grande. Tem períodos no Brasil com muita agitação e tem de ir se adaptando não apenas a questões econômicas, mas ao novo consumidor, às novidades do varejo, às mudanças dos meios?, avalia.
Jogo de cintura também se relaciona a desapego. O empresário tem de saber até onde pode ir e delegar para a empresa continuar crescendo. Hoje, quem preside o Grupo é Arthur Grynbaum. E preparar a sucessão foi uma decisão de puro desapego, apesar da paixão pela empresa que criou.
?É um processo que saber o limite da sua competência em primeiro lugar, de perceber que vivemos em um mundo diferente hoje do ponto de vista da informação, de coisas que hoje eu teria dificuldades de lidar. Então, as pessoas que estão continuando nesse processo são pessoas muito mais preparadas do que eu estaria?, diz. ?O sucessor não precisa ser uma cópia sua. Tem de ser melhor do que eu. Ter uma visão mais avançada, com olhar de futuro e tem de ser permanente na empresa?, avalia. Mais uma lição.
Confira na edição 38 da revista NOVAREJO perfil completo de Miguel Krigsner. A trajetória, histórias e impressões do fundador do maior grupo de beleza do País.
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