É notícia velha o fato de que a Netflix começará a vender anúncios em sua plataforma num futuro próximo. No entanto, esse movimento abre espaço para seguirmos discutindo com diversos especilaitas e profissionais de marketing e Customer Experience (CX) as particularidades dessa estratégia.
Recorremos ao especialista em marketing, Mauricio Soares, sócio-fundador da M-S Live e da ARCA, e um dos colunistas do portal CM, para avaliar esse momento que parece redefinir a forma como o marketing tem que encarar o desafio de comunicar com o público das plataformas digitais de streaming.
Netflix e anúncios: Tudo depende da execução
CM – Como a inserção de anúncios em plataformas de streaming como a Netflix poderá impactar a experiência do cliente?
Mauricio Soares – Tudo depende da execução. Se pensarmos em uma volta ao modelo tradicional da televisão aberta, seria um impacto negativo considerável, trazendo interrupções e atrito para uma experiência antes fluida.
Porém, o ambiente digital oferece ferramentas que permitem contextualizar e customizar a entrega de anúncios de acordo com o tema do conteúdo transmitido, preferências de quem assiste e até mesmo a presença de determinado produto ou marca em determinada cena.
Fora isso, se a inserção moderada de anúncios viabilizar uma assinatura mais barata para quem precisa economizar (e, depois de uma pandemia, não são poucas pessoas nesta condição), pode ser uma alternativa bem-vinda.
CM – O Marketing terá que se renovar em criação e modelos de propaganda para essas plataformas?
Mauricio Soares – Sem dúvida. Quem trouxer uma abordagem antiga vai perder clientes. A mentalidade deve ser a de enriquecer e ampliar a experiência de quem assiste – ao invés de interrompê-la com uma mensagem de pouca ou nenhuma relevância.
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CM – O que esperar das marcas em relação a essa novidade?
Mauricio Soares – É uma oportunidade para tomar riscos e se destacar – mas eu entendo que esse é um jogo de contexto e relevância muito mais do que de alcance e frequência. Nem todas as marcas vão sacar isso de início.
CM – Como consumidor qual a sua opinião sobre esse modelo?
Mauricio Soares – Como um consumidor nascido na década de 70, que cresceu com menos de uma dúzia de canais abertos, cheios de intervalos comerciais e sem controle algum sobre a programação, acho que é um modelo que faz sentido para manter as plataformas em condições de continuar produzindo e distribuindo conteúdo de alta qualidade – enquanto a assinatura básica permanece acessível. Pode ser que os Millenials ou Gen Z discordem de mim.
Porém, do ponto de vista do negócio, não dá para falar do modelo de forma descolada do que está acontecendo nos mercados e no mundo de forma geral. Seria ingênuo acreditar numa curva de crescimento contínua, sem um platô de maturação, ainda mais quando existe a entrada de uma série de novos players importantes no mercado de streaming e o poder de compra da população foi reduzido pela maior crise global desta geração.
Ao mesmo tempo, as plataformas precisam se tornar lucrativas em algum momento, já que não dá para sustentar indefinidamente uma operação no vermelho sob a justificativa de priorizar crescimento e efeito de rede.
Personalização pode ser o caminho menos invasivo
Já falamos aqui da possibilidade de ações em Product Placement, uma estratégia de marketing baseada na introdução natural de marcas e seus produtos em filmes que a própria Neflix já fez uso em series como “Stranger Things”.
No entanto, o que muitos especialistas também reforçam como diferencial da Netflix para inserção de propaganda em sua grade de conteúdos, seria utilizar toda sua expertise em licenciar e produzir conteúdo para diferentes geografias e públicos na criação de modelos de anúncios ainda mais personalizados.
Um bom ponto que adoraríamos ver em ação. Fique ligado no Portal CM, em breve abordaremos outros profissionais, personalidades e especialistas sobre esse novo caminho da Netflix.
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