A Amazon, maior varejista on-line do mundo, pagou valores irrisórios de impostos no ano passado por conta de manobras fiscais. A subsidiária britânica da empresa, por exemplo, gerou receitas de £5,3 bilhões em 2014, mas pagou somente £11,9 milhões ao Fisco. A Amazon.com.uk teve uma expansão de 14% nas vendas, mas, com um lucro de £34,4 milhões, registrou um pagamento de impostos equivalente a 0,22% das receitas.
O resultado foi viabilizado pela venda dos produtos por meio da filial da Amazon em Luxemburgo, um dos principais paraísos fiscais europeus. A varejista diz que não vende para os consumidores britânicos por meio da operação no Reino Unido, e sim via Luxemburgo, apesar de não contar com estrutura de distribuição no pequeno país. No mercado britânico, a receita de £679 milhões decorre da oferta de serviços corporativos de fulfilment e suporte para a operação de Luxemburgo.
Estrutura fiscal semelhante foi adotada pela varejista em outros mercados, como Alemanha e França, reduzindo assim a incidência de impostos. Os £5,3 bilhões vendidos pela Amazon no Reino Unido representam 9,4% do faturamento global da empresa.
A Amazon é apenas uma das muitas empresas que usam uma estrutura financeira complexa para reduzir o pagamento de impostos, uma iniciativa que vem gerando reações de governos em todo o mundo e provoca grandes impactos sobre o Fisco. Um estudo da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) estima que países em desenvolvimento perdem cerca de US$ 100 bilhões ao ano pela decisão de empresas multinacionais em investir por meio de paraísos fiscais. Não à toa, o G-20 (grupo dos 20 países mais ricos do mundo) tem aumentado a pressão sobre as empresas para impedir esse tipo de prática, inclusive multando companhias que adotem esse tipo de prática.
No mês passado, a Amazon deixou de consolidar suas vendas europeias em Luxemburgo, como reflexo da pressão dos governos locais, e passará a pagar impostos no país de origem das vendas.
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