Esqueça aquelas velhas fotos desbotadas de sanduíches e pratos encontradas na comunicação de lanchonetes pelo mundo afora. Pesquisadores descobriram que os consumidores geralmente preferem imagens de alimentos geradas por IA em vez de imagens com alimentos reais fotografadas por seres humanos.
Os resultados foram publicados na Food Quality and Preference, revista científica da Elsevier, que investigou a capacidade dos indivíduos de diferenciar imagens de alimentos geradas por IA e autênticas, bem como o impacto da divulgação dessas imagens na percepção do consumidor.
No estudo, os pesquisadores pediram aos participantes que classificassem imagens de alimentos reais ou geradas por IA em uma escala de “Nada apetitoso” a “Extremamente apetitoso”. As imagens mostravam uma variedade de alimentos naturais, processados e ultraprocessados – de frutas e legumes a milkshakes e batatas fritas. Quando os participantes foram informados de como cada imagem havia sido criada (por meio de fotografia ou IA) eles tendiam a classificar versões reais e geradas por IA igualmente atraentes. No entanto, quando os participantes desconheciam o processo de criação da imagem, a versão gerada por IA foi classificada como significativamente “mais apetitosa” do que a imagem de comida real.
A importância do ângulo do alimento na imagem
De acordo com os pesquisadores, os resultados sugerem que os visuais de alimentos gerados por IA se destacam em simetria, forma, brilho, iluminação e cores. Atributos que são conhecidos por contribuir significativamente para a atratividade das imagens de alimentos. Um dado curioso do estudo é que ajustes sutis no posicionamento dos alimentos podem aumentar o apelo para o consumo.
O autor principal do estudo, Giovanbattista Califano (Universidade de Nápoles Federico II) explica porque isso acontece: “Como seres humanos, tendemos a sentir desconforto quando objetos estão apontando para nós, muitas vezes interpretando-os como ameaças, mesmo que sejam simplesmente alimentos. Ao replicar fotos de comida com elementos direcionados para o espectador, como um monte de cenouras ou um pedaço de bolo, a IA geralmente posiciona os alimentos de forma a evitar apontar diretamente para o observador. Essa tendência justifica uma investigação mais aprofundada, pois é plausível que essa abordagem aumente a percepção da atratividade dos alimentos retratados”.
O supervisor do estudo e coautor, professor Charles Spence (Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford) faz outras considerações interessantes sobre o estudo. Ele diz que, embora os visuais gerados por IA possam oferecer oportunidades de economia de custos para os profissionais de marketing, essas descobertas destacam riscos potenciais associados à exacerbação da “fome visual” – fenômeno em que a visualização de imagens de alimentos desencadeia apetite e desejos. “Isto poderia potencialmente influenciar comportamentos alimentares pouco saudáveis ou fomentar expectativas irrealistas sobre os alimentos entre os consumidores”, afirma.
IA para potencializar qualidades
É natural que nós, humanos, sejamos atraídos pelo belo. Seja por imagens de alimentos, de lugares, pessoas etc. A estética visual desempenha um papel significativo em nossa percepção e respostas. A beleza visual evoca emoções, despertar sentimentos de prazer e bem-estar e influencia nossas decisões e comportamentos.
A Inteligência Artificial, como uma ferramenta desenvolvida para potencializar qualidades e amplamente empregada na automação de processos para melhorar a eficiência e a qualidade do trabalho, naturalmente busca a estética e a beleza na geração de imagens. Essa busca representa uma significativa mudança na criação de peças publicitárias para o marketing. Para marcas, empresas, indústrias e líderes, surge o desafio de avaliar como esse potencial pode trazer tanto riscos quanto oportunidades para seus negócios.