A relação dos millennials com os bancos ou mesmo com todo o setor financeiro é mais uma dessas gigantescas transformações em curso na sociedade de consumo. É difícil abrir mão dos serviços em aplicativos, principalmente quando podemos pagar contas, fazer transferências em dinheiro, entre outras coisas. Nesse cenário quem ainda quer ir a uma agência bancária?
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Esse foi o tema do painel Fintechs, Startups e outras disrupções: a inovação segundo o millennial, no CONAREC. O ponto de partida do bate-papo não poderia ser outro senão o olhar das financial technologies (fintechs) sobre o seu consumidor – o millennial, claro.
O mediador do painel, Pedro Waengertner, fundador da ACE, questionou os participantes sobre o papel de cada companhia no mercado. Em seguida, provocou: “Vocês se veem como uma ameaça aos bancos ou mesmo ao setor financeiro”, disse.
Marcelo Ciampolini, fundador e CEO da Lendico (plataforma de empréstimo), explicou que o seu público e os funcionários são formados quase que exclusivamente por millennials. Essa sintonia entre o cliente e consumidor é importantíssimo para os dois lados analisaram o atual modelo de empréstimo de dinheiro. “Penso que os millennials representam a geração da desintermediação. Por que eu preciso do banco para obter empréstimo? Por que eu preciso sair de casa?”, questionou.
Erros e acertos
Já Bernardo Carneiro, sócio da Stone (meio de pagamento), preferiu apontar o acerto das fintechs em vez de apontar os erros do setor financeiro. A jovem empresa não é apenas nova no mercado, mas amplamente millennial também da porta para dentro. Isso tem contribuído para a empresa acompanhar o ritmo de necessidades do consumidor. “Hoje, 82% das pessoas na empresa possuem menos de 29 anos. Veja: entramos em um mercado de um legado de monopólio e olha o que já construímos. Isso mostra a importância de olhar a experiência do cliente e verificar onde os erros estão sendo cometidos”, disse.
Outro mau amplamente comentado entre os painelistas e que aflige tanto consumidor quanto empresa é a famosa burocracia do setor serviço financeiro – algo que foge até mesmo do controle de bancos e financeiras, uma vez que há uma série de leis que regem o setor. Ricardo Kalichsztein, CEO do Bom Pra Crédito (um marketplace de serviços financeiros), afirma que é possível diminuir toda essa burocracia com tecnologia e Inteligência.
“Sinceramente? Não preciso fazer milhões de perguntas para oferecer um crédito. O millennial acha isso muito chato e ele tem razão. Por isso, reduzimos o número de perguntas de 50 para 7”, explica Kalichsztein.
Techfin ou Fintech?
Já José Prado, fundador da Conexão Fintech (um site de inteligência de mercado com foco nesse segmento), colocou em discussão o futuro das financeiras tecnológicas. Primeiro, ele afastou a ideia de bancos são inimigos das fintechs. “A grande maioria das startups ajudam essas instituições financeiras. Há cooperação e não rivalidade nos dias de hoje”.
No entanto, Prado afirma que há muitos enganos sobre o fintechs no Brasil. Uma delas é sobre o foco de cada uma das startups. Segundo ele, há empresas que vivem da prestação de serviços tecnológicos para bancos e outras que funcionam de maneira totalmente independente, ou seja, focam os seus esforços diretamente no consumidor. “Muitas empresas gostam do rótulo de fintech, mas é preciso deixar claro o papel de cada uma delas. Lá na empresa brincamos que existem as techfin (tecnologia para financeiras) e as fintechs (financeiras amparadas em tecnologia”, afirma.
Os painelistas afirmam que o tempo deixará claro o papel de cada um na rotina do consumidor. Até lá, o momento é de escalada para as temidas fintechs.