O estudo Jovens Transformadores, lançado em 2018, traz opiniões, comportamentos e impressões de 1.200 jovens com idade entre 18 e 32 anos de todo o Brasil. Sua visão sobre o mercado de trabalho traz à tona uma nova forma de enxergar as empresas, e é hora de as empresas observarem mais atentamente o comportamento dos jovens talentos que formarão a próxima geração de líderes das companhias.
Idealistas, engajados com causas socioambientais e preocupados com o futuro, os jovens estão assumindo o protagonismo das áreas economicamente produtivas e vêm para mudar a forma como as empresas se relacionam com seus funcionários. Cada vez mais capacitados e adaptáveis, os jovens ficam menos tempo no mesmo emprego, e o desafio das empresas é reter seus jovens talentos.
Aqui estão 6 insights captados no estudo para entender o perfil dos jovens com relação ao mercado de trabalho.
1 – Ética de dentro para fora
Quando consultados sobre sua visão a respeito da prática da ética nas empresas, a maioria se manteve neutra enquanto o público que discorda dessa ideia é superior ao que concorda. Ética é um dos pilares que regem a relação entre empresa e colaboradores. Céticos e com aprendizado por experiência, os jovens tendem a não confiar em uma empresa que não julgue ética e, por isso, podem ir para o mercado ou até mesmo arriscar e empreender.
2 – Empatia tem que fazer parte do propósito
Antigamente era comum dizer que as marcas não deveriam se envolver ou se posicionar a respeito de questões fora do seu core business, mas isso vem mudando e, para 60% dos jovens entrevistados, as empresas têm responsabilidade e devem assumir um posicionamento com relação a causas sociais como igualdade de gênero, desigualdade social, preconceito etc. ou seja, as empresas devem praticar a empatia com seu público não só em seu discurso e posicionamento, mas também em seu propósito, compartilhando as preocupações e questões que consideram relevantes. Omissão não é uma opção.
3 – Incentive a criatividade, esqueça a hierarquia
Em Design Thinking isso é uma regra; não existem ideias boas ou ruins, existem ideias que merecem ser analisadas, desenvolvidas, prototipadas e testadas. Entre os aspectos que os jovens acreditam ser os mais relevantes para a cultura de qualquer empresa, o principal é o incentivo à geração de ideias e melhorias, que depende diretamente do segundo mais importante, a comunicação aberta e transparente. O jovem, via de regra, está mais abaixo na hierarquia do que os profissionais mais experientes, mas não quer que isso seja uma limitação para o seu desenvolvimento e a sua participação. A hierarquia e a importância dos cargos são os fatores menos relevantes nesse aspecto.
4 – Desenvolver não é problema, é oportunidade
Para 64% dos jovens entrevistados, as empresas não oferecem espaço para profissionais sem experiência. Desenvolver um profissional leva tempo e consome recursos, mas as empresas estão realmente enxergando o “payback” envolvido nesse processo? Um profissional capacitado em outras empresas é moldado para ter alta performance naquele ambiente em que foi desenvolvido. A oportunidade em questão é: ter capacidade de desenvolver um profissional de alta performance para o seu ecossistema. O currículo em branco que passa discretamente de mão em mão e não é aproveitado hoje pode servir para registrar projetos e feitos de um grande profissional no futuro em outro lugar.
5 – Eles podem virar seus concorrentes
Dos jovens que não querem limitações em suas carreiras, segundo o estudo Jovens Transformadores, 50% deles têm como objetivo profissional a abertura de um negócio próprio ou empreendimento. As grandes corporações ainda seduzem 37% do público, mas isso depende da forma como eles enxergam essas empresas.
6 – Cuidado, eles podem estar indo embora
Além do fato de terem aspirações como empreendedores, o estudo aponta que somente 34% dos entrevistados se consideram satisfeitos com o seu trabalho atual. O dado é fruto dos modelos de cultura organizacional que se transformam em ritmo mais lento do que o comportamento da sociedade. Dos jovens, 43% trabalham ou já trabalharam em empresas cujos valores entram em conflito com os seus valores pessoais. Para eles isso tem peso.
As empresas que chegam à conclusão de que o mercado de trabalho está mudando e o motor dessa mudança está na própria mão de obra saem na frente. As pilhas de currículos qualificados vão ficar mais escassas e não serão mais os talentos a lutar por boas vagas e sim as empresas a lutar pelos talentos.