No auge da Guerra Fria e da disputa tecnológica entre Estados Unidos e União Soviética, iniciou-se a corrida espacial. A premissa era: quem dominar o espaço primeiro também poderia dominar o mundo. A lógica partia do princípio de que quem chegasse à Lua teria tecnologia o suficiente para tomar o controle do planeta.
E assim começou a missão Apolo 11. A tentativa americana de levar o homem à Lua enviou três tripulantes que cravaram seus nomes na história. Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin são os lendários astronautas que fizeram os Estados Unidos vencedores da corrida espacial. Enquanto Buzz ficou na órbita, Neil e Michael desacoplaram a Eagle, cápsula de pouso do foguete lançado pela NASA.
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Um pouco de contexto para entender a situação
Foram várias tentativas de lançamentos espaciais. A Rússia estava à frente pois já havia obtido sucesso em enviar foguetes para o espaço, enquanto os Estados Unidos, um país “try-harder”, só colecionava tentativas fracassadas com foguetes que explodiam ainda na pista de lançamento.
Foi à partir da Missão Apollo 8 que viu-se a esperança em conseguir cumprir esta missão. O astronauta James Lovell disse em entrevistas que ao girar da nave foi possível ver o lado da Lua virado para a terra à apenas 60 milhas de distância.
A chegada à Lua foi um trunfo para os estadunidenses que contaram com o engenheiro alemão Wernher Von Braun. O europeu foi responsável pelo lançamento de foguetes nazistas e convocado para iniciar o programa de mísseis americanos. Na época, houveram críticas ao seu passado pró-hitler e mesmo assim ele continuou à frente do projeto.
Toda a história esquentou quando a Rússia conseguiu chegar na frente para o sobrevoo da órbita terrestre. Em 1961, Yuri Gagarin foi o primeiro a conseguir tal feito. Enquanto isso, os Estados Unidos estavam enviando Chimpanzés para o céu. Sim, a história é um tanto quanto bizarra.
Esse é um resumo do contexto histórico para que possamos entender os dias de hoje. É possível voltar à Lua? À época, esse era o objetivo principal do governo americano. O presidente Dwight D. Eisenhower investiu bilhões de dólares em toda a parafernália espacial. Ele foi responsável por fundar a Nasa, agência espacial americana. Naquela época essa era uma prioridade, tanto quanto necessidades sociais.
Homem na Lua: Missão cara, difícil mas provável
Em uma atualidade onde, além das mais diversas agências espaciais, temos a SpaceX de Elon Musk, diversas startups e uma órbita completamente lotada de satélite é provável que voltemos à Lua em breve? Essa é uma vontade do atual governo Trump. Porém, há vários obstáculos no caminho.
O presidente americano estabeleceu um prazo para a Nasa: 2024. Nesta semana, a agência lançou o que seria o projeto Àrtemis que promete, inclusive, levar a primeira mulher para a Lua. Na época do empoderamento e do feminismo e suas pautas, essa era uma prioridade.
Para um comparativo rápido, a ida à Lua custou aos EUA um montante de US$ 150 bilhões de dólares. Já é um fato que mesmo a SpaceX – excluindo as startups deste cenário – não tem a verba necessária para tal. E muito menos a NASA. A agência espacial agora conta com a ajuda do setor privado e do governo para que a missão se torne possível.
Agora já se fala em uma jornada e a Lua é parte dela. O objetivo final dos astrônomos das principais agências espaciais é habitar Marte e explorar o planeta vermelho. Como isso se dará?
O projeto com nome de deusa grega precisa do desenvolvimento de um novo superfoguete que possa substituir o Saturno V – o maior lançado até hoje – e, só nisso, já foram gastos mais de US$ 10 bilhões desde 2011. Fora que o foguete não está concluído. A construção conta com a ajuda da Boeing, empresa clássica do desenvolvimento de jatos e aeronaves. Antiga parceira dos projetos americanos.
Quanto custará levar a primeira mulher à Lua?
A cápsula Órion será responsável por carregar os astronautas e está sendo desenvolvida em parceria com a ESA (Agência Espacial Europeia). A instituição será responsável por toda a energia e impulsionamento do foguete. Aqui são mais US$ 6 bilhões até o atual momento e este também não está nem um pouco perto da finalização.
De qualquer forma, o foguete e a cápsula precisam de um novo parceiro: um módulo lunar. Sim, uma base na Lua semelhante à ISS (Estação Espacial Internacional). Jim Bridenstine, administrador-chefe da agência americana, disse à imprensa que para isto, ele conta novamente com a ajuda da ESA.
Uma fabricante de satélites americana, a Maxar Technologies, foi contratada recentemente para desenvolver parte do que seria a nova estação lunar com um custo máximo de US$ 375 milhões. Tudo muito low-budget – aqui entenda um toque de ironia – , é claro.
A responsável pelo carregamento da cápsula e de tudo o que é preciso para construir o módulo lunar, até agora, é uma concorrência. Sim, SpaceX (com seu foguete Falcon Heavy) e Blue Origin (que planeja seu primeiro lançamento para 2021) terão de competir ou escolher colaborar para ajudar a NASA. Com isso, a estatal americana espera diminuir custos e tornar o projeto sustentável. A expectativa é que os custos para levar a primeira mulher à Lua, nesta fase do processo, sejam de US$ 20 a 30 bilhões de dólares.