Com base em sua experiência como doutora em Linguística pela Unicamp e em sua pesquisa de Pós-Doutorado no grupo Atelier da PUC-SP, a consultora Vivian Rio Stella, diretora da empresa de treinamento executivo VRS Cursos, de São Paulo, identifica o que pensam os jovens empreendedores e dá o caminho das pedras para minimizar o estresse de empreender sem cair nas usuais armadilhas do rápido ROI e do sucesso mirabolante a curto prazo.
Veja as dicas e empreenda sem sofrimento.
1. Não vejo retorno do que investi
Depois de investir na abertura do negócio – mesmo que não seja um alto valor – parte dos empreendedores se preocupa em obter retorno sobre o investimento com certa rapidez. A cobrança por agilidade parece ser maior sobre os jovens empreendedores que se deixam encantar pelo discurso de revistas voltadas a esse público e de outros opinion makers de que negócios bem sucedidos são os que dão lucro expressivo em pouco tempo. Mas o fato real é que um negócio de sucesso leva tempo para se consolidar. E nem sempre sucesso é medido apenas por quanto se lucra, mas por reconhecimento entre os pares ou entre os clientes, possibilidade de equilibrar vida pessoal e profissional, liberdade maior de agenda e concretização de planos e sonhos que só um empreendedor pode experimentar sem ser podado por um chefe, por exemplo.
2. Meu negócio não dobrou de ontem para hoje!
Alguns jovens empreendedores criam seu negócio com foco não na sustentabilidade no longo prazo, mas no potencial a curto prazo. A ideia por trás dessa estratégia é a de estruturar um negócio de muito rápido crescimento – mas não necessariamente lucrativo – com a intenção de vendê-lo. Exemplo clássico é a daquela start-up nascida para ser adquirida. O lado positivo para o emocional do empreendedor é que ele não precisa lidar com o estresse da exigência de retorno financeiro em curto prazo ou com a responsabilidade de abrir um negócio que irá durar e precisa ter sua identidade. A contrapartida, porém, é o estresse que vem por conta da necessidade de crescimento de dezenas ou centenas de vezes em muito pouco tempo.
3. Cadê o cliente que estava aqui?
Lidar com as sazonalidades de vendas é potencialmente angustiante. Há períodos em que as vendas são mais intensas e, em outros, caem. Isso é natural, mas saber disso não é suficiente para diminuir o estresse nem para resolver a seca da torneira do dinheiro. A solução para lidar com a sazonalidade é o planejamento – e não só financeiro, mas de prospecção, inovação e gestão. Isso requer um amplo leque de habilidades do empreendedor e da equipe que trabalha com ele.
4. O cliente acha que meu negócio não é negócio
Há jovens empreendedores que decidem não ter um escritório e trabalhar no modelo home-office ou coworking. Isso é OK, mas o que ocorre quando se depara com um cliente que tem uma visão tradicional e a falta de escritório se torna um porém no fechamento de negócios? O importante é o empreendedor saber que a decisão por home-office ou co-working pode não ser bem vista por empresas mais tradicionais que podem se tornar potenciais clientes. Se a escolha for essa, é importante torná-la a espinha dorsal do negócio e incorporá-la plenamente a seu discurso e a suas práticas de gestão. Isto é, aliar criatividade a gestão eficaz e respeitabilidade não só na prática, mas também no discurso. Ou, como se diz popularmente, é “matar no peito” esse modelo inovador.
5. Quanto de flexibilidade vai na fórmula?
Cada empreendedor tem seu próprio estilo, e não é incomum que invista tempo e energia escolhendo o ‘móvel perfeito’, o ‘logo perfeito’, o ‘nome perfeito’ e outros componentes ‘perfeitos’, como se todo esse controle fosse tão importante quanto o negócio em si. É fundamental ponderar que, por vezes, não ter escritório e não exigir horários fixos de trabalho da equipe – mas gerenciar por metas e resultados com base em feedback efetivo – pode ser justamente o que permite ser inovador e atingir os objetivos. Esse tipo de informação e de possibilidade precisa ser valorizado pelo jovem empreendedor.