A História consagrou diversos tipos de líder, de Júlio César a Mahatma Gandhi, cada um com perfis de liderança particulares. Eles usaram estratégias diferentes para engajar as pessoas envolvidas em prol de um objetivo. Na prática do universo das organizações, é comum dividir os perfis em bons e ruins – mas a questão é mais ampla.
A liderança em si é um princípio um tanto fluido e abrangente. Porém, para um líder ser bem-sucedido, um dos princípios é fazer com que a equipe tenha confiança e cresça de forma integrada. Rodrigo Cardoso, escritor, especialista em PNL e criador de conteúdo, aponta quatro tipos de líder: chefe, motivador, paternalista e inspirador.
“Todos os perfis são importantes em alguma instância. O ideal é que o líder seja a maior parte do tempo inspirador. Em momentos mais pessoais, ele precisará ser mais paternalista; em campanhas, comerciais, ele precisará ser um líder motivador, desde que ele tenha clareza que os seus liderados de linha de frente estejam inspirando todo o time”, comenta o escritor, autor de “Leve sua Mensagem para o Mundo” e “Ultrapassando Limites em Vendas”.
Entenda essa argumentação a partir da definição de cada um.
Tipos de líder
1. Líder chefe
O líder “chefe”, segundo o especialista, é aquele antiquado: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Ele tem dificuldade em emplacar a cultura da empresa. “Consegue resultados de curto prazo, mas no médio e longo prazos, ele cria pessoas que estão apenas trocando tempo por dinheiro e não estão envolvidas na missão da empresa”, explica Rodrigo Cardoso.
Sendo assim, este líder é o que mais gera rotatividade entre os colaboradores. Isso porque, de acordo com o escritor, as pessoas que ficam na empresa, sob a liderança de um chefe, permanecem pelo medo de não conseguir outro emprego e não pelo reconhecimento ou plano de carreira. “A maioria das vezes, esse medo fica menor do que a insatisfação, e isso faz com que as pessoas tomem a decisão de trocar de emprego”, explica o especialista.
No entanto, em alguns momentos, o líder vai ter que assumir a postura de chefe. Rodrigo Cardoso dá o exemplo de um navio afundando, o líder dessa embarcação precisa mandar para organizar o salvamento – e não motivar ou inspirar.
2. Líder motivador
Como o próprio nome diz, é aquele que nasceu para motivar. “Ele é um líder que, por si só, tem uma alta energia, que funciona bem. Mas, também temos um problema: quando ele sai, acaba toda a energia da galera”, revela o especialista.
A empresa depende da energia dele para funcionar bem. Praticamente, quando ele está próximo, as vendas aumentam, quando ele se distancia, caem. No entanto, no campo organizacional, o melhor líder é aquele que deixa a empresa autogerenciável.
3. Líder paternalista
Rodrigo Cardoso afirma que o líder paternalista estraga a equipe. “Ele passa a mão na cabeça, aceita o mesmo erro várias vezes e não tem estômago para conflitos. Além disso, ele cuida da equipe, mas acaba criando uma cultura de que se pode errar o tempo todo”, conta.
O tipo de gestão paternalista leva a empresa a uma cultura de erros. É um estilo de líder que aceita o deslize, passa a mão na cabeça dos seus liderados e fala “aqui ninguém mexe”. Para exemplificar o paternalista, o criador de conteúdo faz uma analogia com a galinha, que não deixa ninguém mexer com seus pintinhos.
“O líder acha que está sendo motivador ou até mesmo inspirador, mas ele está estragando o time. Ele deveria até dar uma segunda chance, mas nunca três. Ele tem que ser mais direto e claro nos objetivos”, destaca Rodrigo Cardoso.
No entanto, em alguns momentos, a postura paternalista se encaixa. O especialista aponta principalmente os momentos emocionais, em empresas menores. Por exemplo: um colaborador está passando por um problema doméstico ou pessoal, o líder pode atuar como paternalista, chamar para conversar e acenar para a compreensão.
4. Líder inspirador
Esse tipo de líder tem muito clara a missão da empresa e consegue disseminar isso para os colaboradores. “Ele claramente inspira as pessoas a fazerem mais por elas mesmas do que normalmente eles fariam sozinhas, sem a presença dele. Ele extrai o melhor da equipe e consegue inspirar a todos”, esclarece Rodrigo Cardoso.
O escritor faz uma analogia com o personagem de William Wallace, interpretado por Mel Gibson, no filme “Coração Valente”, que motiva os soldados a seguir em uma batalha difícil contra o exército inglês. “Era visível que os escoceses perderiam a batalha. Mas William Wallace fez o que eu chamo de ‘ponte para o futuro’, ele inspirou os liderados a pensarem que eles podiam ir embora para casa e continuar vivendo, ou passar o resto das suas vidas pensando que os ingleses poderiam tirar qualquer coisa, menos a liberdade deles”, explica.
Desenvolvendo a liderança inspiradora
Como vimos, os tipos de líder têm impacto na gestão do negócio e cultura da empresa. De acordo com Rodrigo Cardoso, o inspirador é o que merece mais atenção e desenvolvimento. Para isso, o líder precisa conhecer a linha de frente dos seus liderados, entender o sonho de cada um e o que cada um quer.
A partir disso, ele consegue mostrar para os colaboradores que eles podem alcançar os objetivos de suas vidas pessoais por meio do trabalho. “Então, o desenvolvimento de um líder inspirador tem três pontos: clareza da visão, transmitir essa visão e missão para todos os liderados e conhecer objetivos e sonhos pessoais de cada liderado, com o objetivo de mostrar o caminho para eles realizarem aquilo que desejam na vida pessoal fazendo o que for preciso na vida profissional. Assim, o líder para de equilibrar pratos e pode confiar que o time faz acontecer”, reforça Cardoso.
Todos os líderes têm prós e contras. No caso do líder inspirador, ele precisa também ter a capacidade de mostrar o caminho, e não só inspirar na missão e visão. Se o líder fica só no papel do inspirador, ele está mais para o cara que está no conselho da empresa do que na gestão.
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