A avalanche digital que se entranhou em todas as relações humanas mudou drasticamente o comportamento das pessoas – algo que vai muito de pessoas que não desgrudam os olhos de um smartphone. Há questões ainda mais profundas, tais como a relação dos novos consumidores (caso dos millennials) com carros, casas e outros bens materiais. Aliás, quem disse que o novo consumidor deseja um carro possante ou um apartamento gigante em um bairro nobre de uma determinada cidade? Esse é um dos assuntos preferidos de Diógenes Carvalho, advogado, doutor em psicologia comportamental e novo presidente do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon). Ele esteve no painel sobre economia compartilhada e falou sobre o comportamento das pessoas – e, claro, os consumidores. O assunto é contemporâneo e deixa juristas de cabelo em pé. Mas, o assunto não intimidou Diógenes – aliás, muito pelo contrário. O advogado falou sobre o comportamento com um raro conhecimento sobre o tema.
Segundo ele, vivemos um novo despertar. Vivemos um período entre o fim da individualização da pessoa e um olhar onde o que realmente importa é a opinião do terceiro, algo com uma aparência mais altruísta – e que fica evidente na relação das pessoas com suas respectivas redes sociais. “Vivemos em função do olhar do outro. Estamos saindo da sociedade competitiva, onde sempre fomos estimulados a partir do aplauso do outro. Temos uma nova forma de pensar, um momento ‘desregulador’ de uma maneira geral. Agora, todos somos um. Todos querem se sentir únicos e isso está inserido no universo da colaboração”, disse. Diógenes destacou que o florescimento de novos negócios disruptivos exibe claramente o perfil do novo consumidor. A posse perde totalmente o sentido para os millennials, que agora preferem “experienciar” a vida ou simplesmente “ser”. “Ninguém quer um carro, uma casa ou coisas do tipo. Elas precisam de um Uber”, destacou. Nesse contexto, o novo presidente da Brasilcon destaca que alguns direitos podem perder relevância na vida privada. O direito de propriedade é um exemplo. “A escassez dará lugar a abundância. Poderemos estar em vários lugares do mundo, pois podemos ir a qualquer lugar e viver uma experiência. Por conta disso, teremos um comportamento prosocial (ou primordialmente com maior visibilidade para a sociedade) e também um gerenciamento da reputação”, disse. Mas por que seremos mais benevolentes ou iremos nos doar mais para o próximo? Na visão de Diógenes, estamos agindo de maneira mais altruísta não porque somos bons. “Faremos isso porque é atraente para o contexto da sociedade prosocial. A ideia da economia criativa é baseada no bem estar do sujeito.