O aplicativo de videoconferências Zoom, que está na moda no mundo todo para a realização de chamadas de vídeo, foi notificado no Brasil pelo Departamento de Proteção de Defesa do Consumidor (DPDC) por um suposto compartilhamento de dados dos usuários com o Facebook.
Vinculado à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), o DPDC solicitou informações e explicações à empresa norte-americana, baseando-se em acusações divulgadas pela imprensa.
O departamento cita que o Zoom foi acusado de não deixar claro aos seus usuários, especialmente os que possuem o sistema iOS (celulares e computadores Apple), de que enviava suas informações para análise do Facebook, mesmo que os usuários não possuíssem conta na rede social.
A captação dos dados seria feita por uma varredura na placa-mãe do aparelho, de modo que, ao ser aberto pelo usuário, o Zoom notificaria o Facebook sobre o modelo do dispositivo, o fuso horário, a cidade e a operadora de telefone, além de um identificador de usuário, com a finalidade de direcionar anúncios publicitários.
“A Senacon, desde o ano passado, trata como prioritário o tema da privacidade e intimidade dos consumidores brasileiros, demonstrando comprometimento com o guia da OCDE sobre proteção do consumidor na era digital. Assim é importante que a empresa notificada esclareça aos consumidores brasileiros suas políticas de segurança e privacidade”, afirma Luciano Benetti Timm, secretário Nacional do Consumidor.
A notificação ainda acrescenta outras possíveis falhas de segurança do Zoom, entre eles a possibilidade de monitorar se a aba do aplicativo está aberta, o que permite saber se o usuário está prestando atenção na chamada. Além disso, os administradores das conferências poderiam ver o endereço IP, a localização e as informações sobre o dispositivo de cada participante.
Baseando-se nos direitos do consumidor explicitados pela Constituição Federal e pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), o DPDC apresentou uma série de perguntas ao Zoom, que visam esclarecer o funcionamento do aplicativo e explicar eventuais compartilhamentos de informações.
Caso a empresa não responda em até 10 dias ou sejam identificadas violações aos direitos dos consumidores, pode ser aberto um processo administrativo passível de multa.
O aplicativo
O Zoom é um programa para a realização de videoconferências cuja demanda explodiu com a pandemia do novo coronavírus, para a realização de reuniões de trabalho home office, aulas online e chamadas de vídeo com amigos e parentes, por exemplo. O ápice de usuários diários da plataforma até então era de 10 milhões, em dezembro do ano passado. Com a crise de saúde, o número deu um salto para 200 milhões neste mês de março.
O programa possui algumas vantagens em relação a outras plataformas de videoconferência, como a facilidade de acesso, por meio de links com convites, a possibilidade de ver todos os participantes simultaneamente, divididos em pequenas telas, e a opção de transmitir as conferências ao vivo pela internet.
Além do suposto vazamento de dados, o programa já registrou casos de invasão de chamadas por terceiros.
Anvisa
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso da ferramenta em seus computadores, alegando falhas de segurança na plataforma, entre elas o “acesso não autorizado à câmera e ao microfone do usuário”, o que poderia viabilizar o roubo de informações e credenciais.
Ação da empresa
Depois dos questionamentos a respeito das falhas de segurança e do compartilhamento de dados, a Zoom anunciou que suspenderia a troca de informações com o Facebook e que removeria as integrações com outras redes sociais, como o LinkedIn.
O aplicativo também se comprometeu a fazer uma auditoria de segurança em sua plataforma e ser transparente com os pedidos governamentais e com a comunidade de usuários.
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