Pergunte a alguma criança se ela conhece algum YouTuber. A chance de ouvir a resposta “sim” é muito grande. Não por acaso, existe um número considerável de pessoas que falam sobre os mais diversos temas utilizando o esse canal. E elas não querem ser vistas só pela própria mãe: desejam, na verdade, ser conhecidas no Brasil e, se possível, no mundo todo. Contudo, a questão que não abandona esse assunto é: será que essa é uma nova profissão nascendo? Dá para simplesmente decidir ganhar dinheiro com isso?
Um painel no Whow! Festival de Inovação trouxe essa discussão. Na ocasião, foi apresentado o canal Manual do homem moderno, que surgiu por causa de uma necessidade percebida por Edson Castro, o Youtuber que o fundou. “Só encontrávamos na mídia materiais que vendiam roupas caras para os homens”, conta. O canal nasceu em texto, mas Edson logo percebeu que precisava ir para o vídeo – e o que mais surpreendeu foi a comunidade YouTuber, que ensinou muito. “Contudo, minha função não é ser YouTuber. Sou formado em jornalismo e me considero criador de conteúdo”, destaca.
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Nesse sentido, Fernanda Cerávolo, diretora do YouTube Brasil, comenta sobre o próprio contexto: ela não gostaria de ser vegetariana, por exemplo, e prova disso é que gosta de um canal que apresenta formas de produzir carne. “O YouTube é muito pessoal”, explica. “E esses YouTubers tem uma capacidade muito grande de se comunicar com as pessoas”. Além disso, ela ressalta que essas plataformas globais são também um instrumento de poder.
O que garante o sucesso?
Paulo Leal, diretor-geral da Zoomin.TV, argumenta que esse mercado está se tornando cada vez mais profissional, mas quem gosta de ver vídeos no YouTube busca identificação. Contudo, ele destaca a influência do cinema nesses canais.
“Grande parte dos grandes canais do YouTube são de grandes produtoras de cinema”, aponta. “A régua da qualidade deve subir cada vez mais, acho que é preciso ter cuidado com conteúdo e com a forma como o conteúdo é produzido”, afirma.
Relacionamento?
Como comenta Patricia Weiss, chairwoman da BCMA South America e produtora executiva da ASAS.br.com, hoje se fala muito sobre ouvir a audiência. Por isso, ela pergunta a Edson: como lidar com as pessoas, principalmente em um canal para homens, diante de uma sociedade tão machista?
“Meu pai me ensinou a ‘não bater palmas para loucos'”, responde. Por isso, ele não ouve pessoas machistas e bloqueia pessoas preconceituosas. “Digo sempre que minha área de comentários não é uma democracia, é minha sala de visita”, sustenta.
Siga o dinheiro
Patrícia, então, questiona qual tipo de apoio o YouTube dá aos YouTubers. Fernanda conta sobre a YouTuber Nátaly Neri, que é negra e sofreu muito preconceito por isso. Para lidar com isso, ela fez media trainning no YouTube Space — e esse é o tipo de apoio que a empresa dá.
Mas, afinal, de onde vem o dinheiro? Edson conta que há três patrocinadores do canal: uma barbearia, uma loja de cosméticos e uma de cueca. “Posso fazer um vídeo sobre barba, dentro da barbearia, mas meu conteúdo não vai ser sobre a barbaeria”, diz. Naturalmente, isso está bastante conectado a duas questões: valores e propósitos – e, aparentemente, esse é o caminho que o mundo tende a seguir.
Confira a cobertura completa do Whow! Festival de Inovação