A minha experiência no Web Summit 2022 foi um misto de sentimentos polarizados, de frustração à insights valiosos, e sem conseguir prever exatamente o que esperar de cada oportunidade apresentada.
O evento foi claramente projetado para ser inclusivo e acessível para todos os públicos, algo que pode ser percebido em toda a estrutura dessa enorme conferência, desde a infindável diversidade de opções de comida até às dezenas de trilhas de conteúdo, permitindo acomodar facilmente as 70 mil pessoas do mundo todo que participaram do evento, com seus diferentes papéis, interesses, hábitos e habilidades.
Mas essa estrutura tem um tradeoff: todo o conteúdo apresentado nos palcos do evento é extremamente raso. Afinal, a média de 20 minutos das apresentações e painéis torna muito difícil mergulhar em qualquer assunto, de forma que algo realmente transformador possa ser aprofundado, tornando quase todas as palestras que assisti em meros estímulos para que os curiosos continuem seus “mergulhos” sozinhos, buscando no Google.
Diferentemente das trilhas de conteúdo, que foram rasas, pobres, confusas, e em sua maioria “clickbait” (com títulos que não descreviam os conteúdos), a infinidade de participantes – tanto indivíduos, quanto empresas – trouxe grandes oportunidades de trocas, aprendizados e referências que abriram minha mente de várias formas. Foi o que transformou a minha experiência no Web Summit, de uma grande conferência superestimada, em uma incrível feira de tecnologia.
Web3 está vindo e vai mudar tudo
Dentre o extremo ruído causado pelos múltiplos assuntos abordados no evento, um assunto que se destacou para mim foi a Web3, e o que capturou meu interesse mais especificamente foi o volume de startups e indivíduos orientados a desenvolver soluções para o novo paradigma da web.
Todas as vezes em que presenciei esse gigante – e organicamente crescente – investimento de capital intelectual e econômico focado em um novo conjunto de tecnologias, algo transformador veio em seguida. Se destacavam ainda mais os casos em que esse investimento era oriundo de um grande número de engenheiros e tecnólogos independentes, em vez de poucas grandes empresas com muito dinheiro (como acontece com AR e VR, por exemplo).
No Web Summit, presenciei dezenas de aplicações para Web3, cada uma simplificando mais suas complexidades, algo necessário para trazer o novo paradigma mais próximo do consumidor médio.
EventScouts, Wyland e Natíz são algumas das startups que utilizam Web3 para reinventar experiências de viagem. Gummys, The Round e Singular.live estão tentando inovar na forma como consumimos entretenimento na internet. 0xFrens, Blawesome e Punchword são startups que buscam transformar como nos conectamos socialmente no mundo virtual.
UTeach, MSSAQ e codary visam causar disrupção na educação remota, pela internet. UPOlife e CEREBRA querem transformar a medicina utilizando Web3 como plataforma. E além dessas, outras dezenas de aplicações nos mais diversos mercados estavam marcando presença no evento, mostrando a força desse movimento de transformação.
Assine nossa newsletter e fique atualizado sobre as principais notícias da experiência do cliente
Adoção da Web3 em escala
O sentimento pós-Web Summit é de que a adoção em massa da Web3 é questão de tempo, e provavelmente deve acontecer logo. Basta que o Google incorpore no Chrome, o browser mais utilizado do mundo, uma carteira de crypto muito simples de entender e gerir (algo que browsers como o Brave já fazem muito bem) e pronto. Quem não participar ativamente deste movimento de transformação, em breve será antiquado e ultrapassado.
A forma como nos identificamos em um site vai mudar, assim como a forma que compramos digitalmente. As formas como nos conectamos, criamos e consumimos conteúdo vão mudar também. E o principal insight extraído de todo o ruído do Web Summit 2022 é que precisamos ser agentes ativos nesse movimento e participar da criação desse novo mundo digital antes que sejamos forçados a correr atrás, como perseguidores passivos.
*Por Allan Baptista, diretor de Novas Verticais do Hurb.
+ Notícias
Como construir marcas icônicas para a Web3?
Web Summit: você está preparado para ser invisível?