Fazer uma poupança pode ser fundamental não só para garantir o futuro, mas também para dar um respiro em momentos como o que vivemos agora: de retração e crise econômica. No entanto, quando as pessoas estão sem emprego, ou ainda ganhando menos, nem sempre dá para manter o hábito de poupar (que já não é fácil mesmo com um bom salário em mãos).
Esse é um dos motivos atribuídos por Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) para a redução do volume de depósitos na caderneta de poupança no mês de maio, anunciada pelo Banco Central essa semana.
Além de esta ser a quinta redução consecutiva (todos os meses do ano tiveram resultado negativo), o saldo líquido também foi negativo em R$ 6,5 bilhões: as retiradas foram maiores do que a captação (depósitos). Isso acontece porque quem perdeu o emprego precisa liquidar investimentos para manter compromissos do dia a dia.
Com isso, até maio de 2016, o volume total apresenta uma retirada líquida da ordem de R$ 38,8 bilhões, fazendo com que o saldo final atual tenha atingido em maio de 2016 um volume total de R$ 637,8 bilhões contra um volume de R$ 640,4 bilhões em abril de 2016 e de R$ 656,5 bilhões em dezembro de 2015, aqui já considerado os rendimentos no período.
O outro motivo, segundo Oliveira, tem a ver com a elevação da taxa básica de juros, o que aumentou a rentabilidade das aplicações financeiras em títulos públicos como fundo de renda fixa, CDB’s, tesouro direto, etc., que se tornaram bem mais interessantes do que a poupança. Com isso, quem ainda tem dinheiro para investir está migrando para onde há um melhor resultado.
Em maio de 2016, por exemplo, os Fundos de Renda Fixa apresentaram uma rentabilidade bruta de 1,11% contra uma rentabilidade de 0,65% da Caderneta de Poupança. Em doze meses, os Fundos de Renda Fixa tiveram uma rentabilidade bruta de 13,98% contra um rendimento de 8,37% da Caderneta de Poupança;
O problema é que este quadro de inflação elevada, juros elevados, queda de renda, desemprego, além da SELIC elevada que reduz a rentabilidade da poupança frente aos fundos de investimento, etc. deve permanecer durante 2016, segundo Oliveira.
E, para os próximos meses, a tendência é de que este movimento de redução no volume dos depósitos da poupança se acentue, agravando ainda mais em um ambiente econômico mais recessivo, com a elevação nos índices de desemprego e de inadimplência.