Em 2015, o varejo fechou mais de 100 mil lojas e não esperava que 2016 pudesse ser pior. Mas foi: no ano passado, 108,7 mil estabelecimentos com funcionários com vínculo empregatício fecharam as portas, segundo números divulgados hoje (13) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
Este é o pior resultado desde 2005, quando o levantamento foi iniciado. Outro fato inédito apresentado pelo estudo é que todos os estados apresentaram queda no número de lojas – isso não acontecia há 12 anos.
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São Paulo foi o estado mais afetado, com 30,7 mil lojas, seguido por Rio de Janeiro (-11,1 mil) e Minas Gerais (-10,3 mil).
Considerando o porte, quem sofreu mais foi o micro varejo, que encerrou 32,7 mil operações e os pequenos comércios, que fecharam 39,6 mil lojas. O grande varejo, porém, não se livrou do cenário e também fechou lojas: foram 23,5 mil lojas fechadas.
Desempenho
“A falta de dinamismo no mercado de trabalho e o crédito mais caro e restrito explicam parte significativa das perdas de vendas nos últimos anos. E o termômetro mais dramático da crise que ainda assola o setor é o número recorde de lojas que fecharam as portas ano passado”, disse o economista da CNC Fabio Bentes.
Os números fechados do desempenho de vendas do varejo em 2016 ainda demoram para sair. Contudo, até novembro, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) mostra que o volume de vendas apresentou queda de 8,8% em relação ao mesmo período de 2015.
Esse desempenho, afirma Bentes, tem relação direta com o fechamento de lojas. Apesar disso, contudo, o setor começa a ver sinais de recuperação. No primeiro semestre de 2016, foram fechados 67,6 mil pontos de venda. No segundo semestre, porém, houve desaceleração: 41,1 mil lojas foram fechadas.
Entre os segmentos, as lojas de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi o que fechou mais lojas: foram 34,8 mil operações a menos no ano passado.
Segundo a Confederação, o segmento sofreu com o aumento da inflação que se refletiu nos preços no atacado no início de 2016.
As lojas de Vestuário, calçados e acessórios fecharam 20,6 mil estabelecimentos e as lojas de Materiais de construção encerraram 11,5 mil unidades. Nestes segmentos, pesou o encarecimento do crédito.
Veja abaixo a abertura líquida de lojas em 2014, 2015 e 2016. O número de aberturas líquidas é igual a diferença entre aberturas e fechamentos. Repare que somente em 2014 alguns segmentos apresentaram número positivo de abertura de lojas. Em 2015 e em 2016 a queda foi generalizada.
Para este ano, não se espera um crescimento do número de lojas fechadas.
“Além de o fechamento de pontos de venda vir se dando em um ritmo menos intenso desde o segundo semestre do ano passado, a tendência de queda da inflação poderá abrir espaço para a recuperação do consumo por parte das famílias, bem como para a esperada queda nas taxas de juros aos consumidores e empresários do varejo”, afirma Fabio Bentes.
