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Uma nova agenda política. Um novo rumo para o consumidor

Uma nova agenda política. Um novo rumo para o consumidor

No último painel do Simpósio Brasileiro de Defesa do Consumidor 2018, reflexões sobre o momento da política nacional e suas repercussões para o consumidor

O ano de 2018 pode ser um ano de inflexão entre velhas e novas demandas da sociedade. É que esse ano a classe política se junta para ir à televisão, fazer promessas e, quem sabe, convencer a população de que eles podem realmente mudar o rumo do País. Se as palavras serão ou não vazias, esse é outro assunto. A questão é: a defesa do consumidor deve realmente fazer parte desse discurso.

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Esse foi o ponto de partida do último e mais aguardado painel do Simpósio Brasileiro de Defesa do Consumidor deste ano: “Novo governo, novas demandas do consumidor: qual é a pauta para a repensar as relações de consumo neste novo momento do país?”.

A mediadora Fabíola Cidral, jornalista e âncora da CBN, listou o cenário atual: a polarização da política, as falsas notícias nas redes sociais, as ameaças nas cidades oriundas da divisão de ideias  e o desemprego. “A própria política perdeu a credibilidade. Diante desse cenário, quem é esse pessoa/consumidor?”.

Marco Antonio Villa, historiador e comentarista da Rádio Jovem Pan, deu um passo atrás e decidiu falar sobre o momento em vivemos. Segundo ele, vivemos um dos momentos mais grave da nossa atual história republicana. “Nos últimos anos, tivemos um voo de galinha, que pensa que vai voar e não decola. Ao longo do tempo, nós nos contentamos com o discurso político. Ao menos, temos um interesse pela política e isso e saudável. Hoje, as pessoas conhecem os 11 ministros do STF”, disse.

Essa mudança de comportamento inclui novas demandas. Hoje, a principal delas, segundo Denis Rosenfeld, escritor e professor de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é entender que temos um legado que deve ser discutido, ampliado e deve ser levado à mesa do debate eleitoral. Mas será que esses assuntos serão realmente discutidos? Qual o nível desse debate? Mais: o que podemos esperar dos novos candidatos?

“Será que todos vão levar as reformas para frente? Quem vai levar adiante essa reforma para o congresso? Temos um congresso corrupto e que não me parece preocupado com o melhor para o País. Por isso, precisamos ter em mente que qualquer presidente governa com os parlamentares que tem a mão”.

Infelizmente, segundo Rosenfeld e Villa temos uma classe política mais interessada na polarização da esquerda e da direita e não necessariamente preocupada com um projeto para o País. E isso preocupa Eugenio Bucci, professor de comunicação social da USP. Ele afirma que os argumentos de Rosenfeld e Villa exibem verdades no discurso. A questão é: será que estamos realmente preocupados em ouvir verdades ou apenas aceitar o argumento que melhor se acomoda no âmago de cada brasileiro?

“Ouvimos dois discursos que tem suas verdades. Villa traz a indignação com a corrupção. O professor Denis também procura chamar a atenção para fatos que podem ser constatados, como as reformas. O nosso problema não é confessar as nossas verdades. O nosso maior problema é o ambiente e a política de intolerância, de ódio, e que não permite enxergar fatos.”, afirma.

Michel Alcoforado, antropólogo e fundador da consultoria Consumoteca, também externou sua preocupação com a falta de debate para uma narrativa de País que teremos para o futuro. “A gente tinha uma narrativa que ficou famosa em obras como a de Sérgio Buarque de Holanda. Essa é uma visão antiga do País. Não toleramos mais o País do jeitinho, por exemplo. Mas, no fim, qual o país que queremos? Qual a narrativa que temos para hoje?”, afirma.

Expectativa de um novo governo

Mas se o cenário político não parece favorável para a discussão de um projeto de País. O que podemos esperar dos políticos que teremos para as eleições deste ano?

Villa destacou que temos uma fratura muito séria entre a sociedade civil e o estado, que dificilmente será sanada na eleição deste ano – independentemente do candidato que vença a eleição. “Temos que tirar essa ilusão. Isso não vai mudar. O que precisamos entender é quem estará no Congresso apoiando as medidas do novo governo”.

Rosenfeld avalia que o Brasil alcançou a um processo de desmoronamento institucional e parte dessa culpa pode ser creditada também ao Congresso e a corrupção na política em todos os três poderes. “Vivemos um processo de refundação do nosso estado. O problema é como se refunda o estado? Temos um país onde cada um legisla a gosto. E tem mais: essa eleição será marcada por um processo já marcado. Quem surgirá como o vitorioso no processo de outubro? Penso que a próxima Câmara será pior que a atual”, afirma.

Segundo Cidral, esse cenário é preocupante. No entanto, qual o risco para a democracia diante da soberania da política corrupta? Bucci, no entanto, tratou de afastar qualquer possibilidade de risco à democracia. Segundo ele, precisamos pautar a eleição deste ano com uma agenda positiva. Precisamos um projeto de nação e não adotar um discurso pautado pelo pensamento negativo, como é o o caso do risco da democracia de “a” ou “b” assumir o governo. “Depende como a gente encara a questão. A democracia não corre risco. Nós precisamos investir na política para tirar esse empecilho. Minha abordagem nunca será em uma solução baseada em força ou intervenção militar. Defendo a esperança de assegurar espaços para a política”, disse.

Uma saída possível para os políticos é dialogar com os jovens de maneira convincente, positiva e franca com os eleitores, especialmente os millennials. Esse é um objeto dos estudos de Alcoforado, que afirma que a eleição desse ano deve ter algumas particularidades na comparação com o pleito anterior. Primeiro, teremos um esvaziamento da audiência na televisão. Segundo, teremos um debate centrado na internet, especialmente nas redes sociais. É justamente nesse ambiente que os políticos devem se preocupar com o tom a ser adotado na eleição. “Teremos este ano os jovens militantes, que adotam e defendem o discurso de um partido. Mas a novidade é que teremos os jovens engajados, que são simpáticos a uma série de causas, mas não cobrem deles nenhum tipo de engajamento”, afirma.

E a defesa do consumidor?

Diante de um cenário onde o projeto de País sequer é discutido, qual é o espaço para a defesa do consumidor? Há espaço? Sim, ele existe e será ponto determinante nesta eleição, segundo os palestrantes.

Villa, por exemplo, afirma que a defesa do consumidor terá o seu espaço. Além disso, o comentarista afirma que a relação é um dos poucos assuntos que realmente avançaram no País sob a ótica da cidadania. Afinal, o consumidor alcançou o mercado de consumo e passou a exigir os seus direitos. “Teve avanços desde os anos 1990. Em termos de cidadania, foi uma das coisas que mais avançou neste país nos últimos anos por incrível que pareça”, disse.

Um dos fatores que contribuíram para essa melhora foi justamente a percepção de direitos e deveres dos consumidores. As mídias passaram a valorizar o assunto e, claro, o consumidor ganhou com tudo isso. Rosenfeld não tem dúvidas que a defesa do consumidor será tema do discurso eleitoral neste ano. “Hoje, o consumidor ousar reclamar, ousam fazer processos legais. Tudo isso graças à atuação da sociedade e não graças à atuação do estado”, disse.

E por que o interesse da política no assunto, uma vez que a defesa do consumidor sempre nem sempre teve um papel de protagonismo na agenda política? Porque o consumidor ganhou poderes a partir da internet e a sua queixa é uma voz poderosa ecoando na internet. E com um detalhe: essa voz não é esquecida. “A internet acabou com a lei do esquecimento. Isso é uma forma de construir um poder”, afirma Alcoforado.

O assunto agora entra na pauta da política. A questão é: como isso realmente chegará ao consumidor?

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