Quem está com as contas atrasadas no cartão de crédito tem o pior tipo de dívida possível: os juros cobrados pelos bancos neste tipo de serviço foram, em outubro, de 15,4% ao mês, ou 457% ao ano, segundo relatório mensal Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) sobre os juros cobrados pelas instituições comerciais no Brasil.
Isto que significa que alguém que tivesse uma conta pendente na fatura de R$ 1.000 há um ano estaria devendo, hoje, R$ 4.570 ao banco.
Mas há uma boa notícia: essas taxas tiveram a primeira redução depois de uma sequência de 24 meses seguidos de alta.
A Anefac monitora os juros médios cobrados por instituições financeiras e comerciais do país em seis serviços diferentes: juros do comércio, cartão de crédito, cheque especial, CDC e financiamento de automóveis, empréstimos pessoais de bancos e empréstimos pessoais de outras instituições financeiras.
Consideradas todas, o brasileiro paga hoje uma taxa de juros média de 8,2% ao mês em suas operações de crédito, ou 157,5% ao ano – isto é 0,49% menos que em setembro (8,24% ao mês ou 158,61% ao ano).
Depois dos cartões de créditos, a taxa mais alta paga pela pessoa física está no cheque especial. Esta foi também a única dos seis tipos de linhas acompanhadas pela Anefac que teve alta no período – passou de 12,46% ao mês em setembro (309,2%/ano) para 12,51% em outubro (311,4%/ano).
Os juros mensais dos empréstimos bancários saíram de 4,7% para 4,68% (73,13%/ano), enquanto a de empréstimos de outras instituições financeiras foram de 8,5% para 8,43% (164%/ano).
Os juros do comércio encerram outubro cobrando 98% ao ano em suas faturas (de 5,9% ao mês em setembro para 5,86%), e os CDC’s variaram de 2,36% para 2,32% ao mês de setembro para outubro, chegando a 31,7% ao ano.
Mais reduções à frente
Na visão da Anefac, a variação negativa já é um primeiro reflexo do ciclo de redução da taxa básica de juros do país, a Selic, iniciado pelo Banco Central no mês passado. A Selic funciona como uma espécie de piso oficial para os juros a serem praticados no país – é a diferença entre ela, no Banco Central, e as taxas comerciais que pagamos aos bancos comerciais o que define, em linhas gerais, a margem de lucro destas instituições.
Em outubro, a Selic foi revista de 14,25% para 14% ao ano pela autoridade monetária, a primeira redução desde 2012, quando a Selic havia chegado a sua mínima histórica, de 7,25%.
A expectativa de que o Banco Central continue reduzindo a Selic nos próximos meses e a melhora das expectativas gerais para a economia em 2017 são outros fatores enumerados pela Anefac.