É comum fazer piadas sobre a palavra “imposto” – afinal, ela mesma já entrega o fato de que o dinheiro dado pelo cidadão para os cofres públicos é obrigatório. Se pudéssemos escolher, talvez optaríamos por aproveitar todos os valores obtidos por meio do trabalho, ao invés de doar cinco meses do ano para o governo.
De acordo com o estudo divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o brasileiro, nesse ano trabalhará 153 dias, ou cinco meses e um dia somente para pagar tributos. Todos os rendimentos que o contribuinte irá receber até o dia 1º de junho servirão apenas para o pagamento de impostos, taxas e contribuições – isso porque o ano de 2016 é bissexto e terá 366 dias.
O estudo “Dias Trabalhados para pagar Tributos”, criado pelo IBPT, avalia 27 países e considera a tributação incidente sobre rendimentos, formada pelo Imposto de Renda Pessoa Física, contribuições previdenciárias e sindicais; e a tributação sobre o consumo de produtos e serviços, como PIS, COFINS, ICMS, IPI, ISS, etc; e a tributação sobre o patrimônio, onde se incluem IPTU, IPVA. As taxas de limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos e contribuições, como no caso da iluminação pública também são consideradas.
Assim, mostra que os cidadãos brasileiros tiveram que destinar em média 41,80% do rendimento bruto em 2016 para pagar a tributação sobre rendimentos, consumo, patrimônio e outros. Esse dado representa um pequeno crescimento, uma vez que nos anos de 2014 e 2015 o índice permaneceu 41,37%.
No ranking dos países pesquisados, o Brasil está em 8º lugar e se aproxima da Noruega, onde os cidadãos destinam 157 dias de trabalho aos tributos. “No entanto, a população de lá tem um considerável retorno em termos de qualidade de vida, podendo usufruir dos serviços públicos, ao contrário do povo brasileiro”, ressalta João Eloi Olenike, presidente-executivo do IBPT. Como ele defende, pagamos muitos tributos por aqui e não temos o retorno adequado.
“Tivemos, a partir do início do ano de 2015, uma série de aumentos de tributos, que ensejaram nesse acréscimo de dias trabalhados pelos brasileiros, somente para pagá-los, com reflexos neste ano de 2016”, explica Olenike. “Apesar de contribuir cada vez mais com a crescente arrecadação tributária do País, o brasileiro continua não vendo investimentos em recursos fundamentais e de direito do cidadão como, educação, saúde e segurança”.