Foi em 2019 que a Apple anunciou um posicionamento de marca importante, talvez o maior da companhia nos últimos anos. A empresa deixou de lado o rótulo da tecnologia para se tornar uma empresa de privacidade de dados. O ponto alto desse discurso aconteceu no ano passado: a Apple passou a “se estranhar’ com o Facebook na imprensa justamente sobre as informações pessoais dos usuários.
Nos últimos dias, uma notícia publicada pela imprensa internacional pode mudar e até implodir o discurso de privacidade da Apple. Um grupo de empresas chinesas, incluindo a ByteDance, desenvolvedora do aplicativo TikTok, está desenvolvendo formas de quebrar o sistema anti-rastreamento da Apple para continuar monitorando os dados dos usuários mesmo sem seu consentimento.
Batizado de CAID (China Advertiser ID, ou “Identificador de Anunciante Chinês), o grupo, que contém mais de 2 mil membros, utiliza um recurso para burlar as chamadas App Tracking Transparency (ATT, Transparência no Rastreamento por Apps) que exige, por meio do “Identifier for Advertisers” (IDFA, Identificador para Anunciantes), que os apps mostrem para o usuário um pop-up pedindo seu consentimento explícito para o rastreamento dos dados.
Tencent e ByteDance realizando testes
O CAID não acessa o IDFA e, portanto, não identifica individualmente um usuário, fugindo da necessidade de apresentar o pop-up. Assim, um desenvolvedor consegue continuar rastreando os usuários sem que eles tomem conhecimento disso.
Segundo o site MacRumors, empresas como a Tencent e a ByteDance já estariam testando o CAID e encorajando os desenvolvedores a usar o sistema. O site diz, ainda, que embora o CAID tenha sido criado para desenvolvedores chineses, diversas multinacionais que operam na China já estariam se registrando para utilizar o sistema em seus aplicativos
Em comunicado, a Apple disse que aplicará as regras da App Store a todos os aplicativos, sem qualquer restrição de país, de forma rigorosa. Uma das possibilidades prevê o banimento da loja de aplicativos da Apple. De acordo com Rich Bishop, diretor-executivo da AppInChina, a Apple pode fazer vista grossa para a violação de suas regras na China porque empresas de tecnologia e o governo tem “alinhamento próximo”.
Com a participação de Ivan Ventura
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