Há algum tempo, as cartilhas corporativas já vêm apontando que o investimento em tecnologia é fundamental para empresas e países crescerem de maneira sustentável. Aqui no Brasil, no entanto, a missão não foi efetiva em 2016. Os investimentos na área de TI tiveram uma queda real de 7,3% naquele ano. Em 2017, parece que as empresas voltaram a acordar para esse cenário, mas que ainda está longe de ser animador.
De acordo com um levantamento feito pela Brasscom, associação que representa grande parte das empresas do setor de tecnologia, o investimento cresceu 5,9% no ano passado. A grande fatia desta alta veio dos aportes em hardware (12,5%), que representaram uma demanda reprimida do ano anterior. Serviços vieram logo atrás, com alta de 4,8%.
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Apesar dessa alta em 2017, o setor ainda se mostra bem cauteloso com saltos mais exponenciais. Para este ano, por exemplo, a expectativa é que as empresas de TIC, que compreende companhias que vendem produtos e serviços como áreas como hardware, software, nuvem, entre outros, deve crescer 5,9%.
O aporte de TI in House, que representa o investimento em tecnologia de empresas que não são da área, teve uma queda real de 4,9% no ano passado. Esse número, no entanto, não é tão alarmante: em economias maduras, o investimento em TI in House perde espaço para o TIC.
De qualquer forma, o investimento ainda é muito pequeno, segundo Sergio Paulo Gallindo, presidente executivo da Brasscom. No ano passado, o mercado atingiu US$ 74,8 bilhões entre TIC e TI in House. “É necessário crescer mais para que as transformações digitais no Brasil realmente aconteçam”, afirma ele.
Corrida de obstáculos
Há entraves neste processo. Primeiro, a cultura das empresas precisa estar alinhada com o novo momento. E esse movimento ainda é um pouco lento em comparação com outros mercados.
Apesar do Brasil ser o sétimo maior mercado do mundo em TIC, ainda está muito distante das principais potências. Os EUA investem 15 vezes a mais que o Brasil por ano na área. Já a China, 5,3 vezes. O Japão, que ocupa a terceira posição, aporta o triplo que o Brasil investe na área.
Claro que não é simples comparar o Brasil com essas potências tecnológicas. Mas, segundo Gallindo, essa disparidade poderia ser menor. O setor defende uma redução tributária para o setor. Para a associação, a internet, por exemplo, deveria ser isenta.
Só desta forma poderia haver uma distribuição mais heterogênea da informação. A Brasscom também defende outras bandeiras, como celeridade no registro de propriedade intelectual, segurança jurídica em transações com criptomoedas, entre outras.
Desigualdade digital
Ao mesmo tempo em que defendem mudanças de mentalidade do governo, as empresas também colaboram para um complicado cenário no Brasil: o avanço tecnológico é quase restrito às regiões Sul e Sudeste no Brasil. É o que mostra o gráfico de empregos apresentado pela Brasscom.
Cerca de 77% dos profissionais de TIC estão baseados em estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e em toda a região Sul. São Paulo é o que concentra a maior massa: 42,9% do total.
“Gostaríamos de ir para outras regiões, mas esbarramos muito na questão da educação”, diz Mônica Herrero, CEO da Stefanini Brasil e vice-presidente da Brasscom.