Os últimos dois anos foram marcados pela maior crise sanitária do século. Uma pandemia cujos desafios foram desde a distribuição de leitos aos infectados, abastecimento dos hospitais nas regiões mais remotas do país até a imunização em massa da população.
Além de expor a fragilidade do sistema de saúde nacional, o coronavírus acendeu o sinal de alerta da população para o maior cuidado com a saúde, sobretudo aos dependentes do sistema público. Segundo estudo recente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), mais da metade dos entrevistados desassistidos afirmou que se sentiria mais seguro com um plano de saúde na pandemia. Este mesmo estudo também mostra que ter um plano de saúde é o terceiro item na lista de desejos da população.
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Atualmente, 30% da população, aproximadamente 49 milhões de pessoas, são beneficiárias de planos de assistência médica no país, conforme pesquisa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgada em janeiro deste ano, deixando de fora dos planos de saúde mais de 160 milhões de brasileiros.
Em um país com mais de 12 milhões de desempregados, segundo os últimos dados do IBGE, inflação descontrolada e queda na renda dos brasileiros, fica claro que o custo é a maior barreira a ser enfrentada — na pesquisa mencionada, 81% dos entrevistados alegaram falta de condições financeiras e preço muito caro dos planos como principais motivos para não aderirem. Comparado ao resto do mundo, o Brasil tem a maior taxa global de pessoas sem condições para custear cuidados médicos de boa qualidade: 90% dos entrevistados contra 58% da média global, de acordo com o levantamento Global Health Service Monitor 2021.
Nesse contexto, a verticalização da saúde cresceu, sobretudo nos últimos anos, na esteira do setor aquecido por fusões e aquisições, com as operadoras de saúde ampliando o seu escopo de serviços, investindo em estruturas próprias que agregam desde o atendimento – hospitalar, laboratorial, clínico e ambulatorial – até os demais serviços de saúde, unificando a rede e trazendo maior economia e agilidade aos pacientes.
A verticalização dos planos foi um passo importante na ampliação do acesso aos tratamentos de saúde, mas nesse sentido o modelo se mostrou incapaz de alinhar integralmente os benefícios trazidos a toda a cadeia de prestadores de serviços (eficiência, ganho de escala e agilidade) com a satisfação e expectativa dos pacientes.
Pensando em uma terceira via que democratize e garanta o acesso à saúde de qualidade, principalmente na base da população, é aí que surge o modelo semiverticalizado, em que a operadora verticaliza o atendimento na atenção primária (consultas, exames e procedimentos ambulatoriais) e secundária (especialidades, intervenções, situações crônicas, doenças agudas) e encaminha os cuidados da atenção terciária (serviços de urgência e emergência, procedimentos de alta complexidade) à uma rede credenciada e integrada de hospitais parceiros.
Entre as principais vantagens para os clientes estão o cuidado individualizado e que visa a saúde preventiva. A tecnologia é parceira fundamental com um prontuário eletrônico que utiliza algoritmos de decisão clínica e inteligência artificial, e que consolida todas as informações pertinentes ao histórico de saúde em uma base de dados única, integrada e digitalizada. O médico passará a monitorar e acompanhar a linha de cuidado do paciente, com a prescrição adequada e eficiente de exames, antecipando diagnósticos e cuidados que eventualmente poderiam progredir para doenças crônicas e tratamentos hospitalares complexos.
Os profissionais de saúde também são peça chave deste modelo semiverticalizado. A remuneração é baseada no desfecho clínico, ou seja, quanto mais o médico engajar com o paciente e este seguir com as orientações, exames e tratamento, maior são suas chances de melhorar a sua remuneração.
Este modelo permite ir na contramão da atual gestão do setor de saúde e trazer uma nova metodologia ao mercado que quando aplicada traz muitos benefícios a toda a cadeia, principalmente pacientes e profissionais da saúde que atuam de forma mais assertiva através dos dados e da tecnologia que oferece uma opção de cuidado de saúde mais acessível e com mais qualidade.
*Por Renato Velloso, CEO do dr.consulta.
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