Las Vegas (EUA) – Tecnologia vestível (os famosos wearbles): há mercado para eles? Ou estamos diante de uma promessa da moda, provavelmente confinada a pulseiras fitness, relógios e camisetas? A expectativa é que exercer esse potencial irá provocar mudanças significativas. Mas essas mudanças significam que estamos diante de um negócio real?
O Shoptalk trouxe um painel sensacional, apenas com mulheres que deram uma aula sobre as possibilidades dos vestíveis. Christina d’Avignon, CEO da Ringly: Leslie Muller, Co-líder da The Shop; Sandra Lopez, VP da Intel e Shaz Kang, CMO da CMSignal, com mediação de Liza Kindred, fundadora e CEO da Third Wave Fashion.
Liza iniciou o painel comentando quando afinal haverá um mercado efetivo de vestíveis: “Todo ano parece ser o ano do wearables? Mas quando será? Esse ano?” Christina da Ringly diz que o mercado está em desenvolvimento, lento mais consistente. Os vestíveis ainda precisam ser entendidos como um acessório de uso diário. A executiva afirma que há muitos e muitos produtos sendo desenvolvidos a cada dia. Sandra Lopez da Intel emenda: “Essa visão é séria e correta. A própria The Shop tinha um modelo um ano atrás e hoje tem uma linha muito grande.”
Leslie diz que o problema mais evidente é a duração da bateria, que faz a experiência dos wearables ainda não completamente fluida. Mas o mercado evolui e inova. Em 2020, o mercado de wearables será da ordem US$ 30 bilhões, diz Shaz Kang, da CMSignal.
Além da bateria
Na verdade, os grandes desafios do mercado de vestíveis vão além da bateria. O grau de inovação a ser empregado para o desenvolvimento do mercado é excepcional. Por exemplo, os grandes desafios de manufatura. Para Christina, os vestíveis devem ser sempre muito pequenos, para que possam ser usados e economizem bateria. “Estamos criando técnicas de manufatura muito interessantes, designers e engenheiros trabalham juntos como nunca para que possamos oferecer produtos interessantes.”
Mas Sandra Lopez aponta que as as barreiras são enormes, vão além da duração da bateria, e compreendem a manufatura, limpeza, durabilidade, funcionalidade, conforto (no corpo), comportamento (cultura e hábitos), design. Como coordenar todas essas variáveis em um produto que as pessoas queiram realmente usar?
Shaz Destaca que um caminho é tornar o desenvolvimento dos vestíveis parte de uma causa. Ela é especialmente empenhada nos wearables, justamente porque perdeu a mãe por causa de um infarto fulminante. Um acidente que poderia ter sido evitado se ela usasse um vestível.
Sucesso que se veste?
Há muitas ideias e conceitos sobre o que poderá tornar os wearables um sucesso real. Mas Lisa defende que o grande aspecto de preferência e disseminação será a tecnologia passar despercebida. Os produtos da Ringly, por exemplo, são elaborados sem botões, para que a tecnologia não ultrapasse a função de cada peça ser usada como acessório.
Christina diz que devemos proteger o que é necessário na vida das pessoas. Isso é possível com vestíveis. Eles podem levar a informação até você, livrando a tarefa da pessoa buscar a notificação.
Lisa ainda questiona como é possível estar conectado tecnologicamente e ainda manter conexões humanas. Christina lembra que a Ringly novamente desenvolveu vestíveis que simplesmente evitam que os consumidores acessem telas para consultar notificações.
Para Sandra Lopez, um wearable é um dispositivo eletrônico. E é fashion. Sendo ambos, temos de pensar neles em um contexto de tap and pay. Ou então como dispositivos de realidade aumentada. Há uma estrada crítica para a adoção dos wearables no comércio. Eles irão se alinhar com o desenvolvimento da realidade aumentada e virtual, além da IoT.
Todo vestível será Google Glass?
A experiência fracassada do Google Glass é essencial como aprendizado para todos aqueles que trabalham com wearables. Leslie da The Shop diz que sem o pioneirismo do Google o mercado não estaria atento à tantas inovações e estratégias sobre modelos de negócio, justamente por permitir reflexões sobre todas as questões e barreiras de adoção.
Sandra da Intel defende que os wearables devem ser pensados em termos de simplicidade. “Vamos pensar um mundo novo, onde os modelos de negócios ainda estão sendo construídos.” Para Christina esses produtos precisam ainda ser explicados para as pessoas. “Temos de pensar no ecossistema de modo diferente.”
O tradicional X o inovador
Liza encerra o painel perguntando o que as empreendedoras acham que marcas tradicionais de varejo podem aprender com os vestíveis?
Shaz diz que o varejista precisa entender que está vendendo algo diferente. “Você não está comprando apenas um acessório, mas uma experiência, que significa fazer parte de uma comunidade.” Shaz diz que a sofisticação interna não deve se traduzir em complexidade do lado de fora, ao contrário. É Leslie quem dá a mensagem final: “Conselho para os varejistas: que problema será resolvido com o seu vestível? Não é o objeto que vende, é o relacionamento que se constrói com o cliente, um compromisso de longo prazo. Um vestível é isso: um compromisso.”
*Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo
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