A tecnologia nos ajuda. Conecta quem está distante, auxilia a ciência e é o símbolo do progresso humano.
Essa afirmação estaria totalmente correta se considerássemos apenas a ciência. Mas porque demos certo tecnologicamente, em alguns aspectos demos muito errado socialmente.
Algumas coisas deram errado.
Segundo Don Tapscott, CEO do The Tapscott Group e uma autoridade mundial em inovação, mídia e transformações sociais decorrentes da tecnologia, não podemos ignorar o que ainda não foi melhorado pelas invenções tecnológicas.
?Achávamos que a tecnologia criaria empregos, causado pela necessidade ser a mãe da invenção. Mas pela primeira vez há crescimento sem criação de empregos?, diz. ?Por outro lado, a tecnologia nos permite fazer coisas melhor do que pessoas. cometem menos erros?.
Os conglomerados digitais, ao contrário do que possa parecer, não criam e nem fomentam a criação, segundo o estudioso. ?Damos todas as informações a eles pelas midias sociais, nós criamos, mas eles usam e vendem, inclusive contra quem forneceu o dado?.
Mas o mundo dos negócios não pode ter sucesso em um mundo em colapso. O ecossistema precisa estar equilibrado.
Mas um mundo em que todos sabem tudo sobre qualquer um pode ser melhor, afinal, ninguém pode esconder nada. Certo? Em termos.
Embora isso seja teoricamente benéfico,o problema não é quanto sabem sobre você, de acordo Tapscott, mas quem sabe. ?A privacidade é uma das fundações de uma sociedade livre?, afirma.
O seu eu virtual, por consequência, é um espelho que sabe muito mais sobre você do que você mesmo. Um exemplo disso é a possibilidade de baixar o seu histórico de pesquisas Google. Faça isso, mas sem ninguém por perto, o resultado pode ser assustador.
Enquanto muitos comparem os dias de hoje ao Big Brother de George Orwell, a comparação de Don é com o julgamento de Kafka, no livro O Processo. ?Somos condenados sem saber o motivo, o que acontece em Vegas, não fica em Vegas, vai pro YouTube?, afirma.
É preciso estabelecer um novo conjunto de normas entre instituições e sociedade. ?A mídia de hoje não é como antes, descentralizada, as pessoas no poder, infelizmente podem pegar informações e usar de acordo com seus interesses e estão acima da sociedade?.
Outro risco reside no apego aos dispositivos. É preciso lembrar que são apenas meios, não fins. ?Precisamos desenhar nossas vidas e aprender como fazer isso, ir pra casa e não ter email para checar?.
A primeira geração de nativos digitais deve aprender a não se deixar prender pelas amarras digitais. Nem sempre o problema é a internet, são as politicas sociais. Pais que antes criavam seus filhos com a TV, hoje têm a web para ocupar a lacuna na vida de seus filhos.
Essa rede, por outro lado, não precisa mais de engajamento. Mas precisa de informações. Um exemplo disso é a campanha presidencial de Barack Obama. Quando questionados sobre a importância do engajamento, afirmaram que não é mais necessário engajar, eles têm o big data. Foram de ?yes, we can? para ?yes, we know?.
Por outro lado, a teia de dados criou movimentos importantes. A Primavera Árabe, movimento que ressucitou o povo árabe após décadas de governos abusivos e ditatoriais, teve seu início pela rede. Em 2014, o mundo experimentou 280.000, muitos deles ativos pelas redes sociais. ?Um predador pode pegar uma presa, mas não pode dizimar uma comunidade?, finaliza Don.
Hoje vivemos a era do compartilhamento, o sentimento de comunidade reacendeu após décadas de individualismo. Resta escolher que parte queremos da world wide web, somos jedi ou sith?
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