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Princípios e longevidade

Anos 1900, Inglaterra. Roupas feitas sob medida ainda eram a regra, mas algumas peças dos guarda-roupas femininos já eram produzidas em escala. Pequenas fábricas faziam esses produtos normalmente empregando até 50 jovens costureiras, quase sempre imigrantes, que ganhavam um salário muito baixo e trabalhavam em condições insalubres. A pouca iluminação e as longas horas de trabalho desgastavam física e mentalmente. Ainda assim, agulha e fio eram praticamente o único recurso dessas pessoas para sobreviver. Na outra ponta, poucos clientes paravam para pensar como eram feitas as roupas mais baratas que chegavam às lojas.Se excluirmos dos dois parágrafos acima a data e o país, a situação poderia se ambientar em vários lugares do mundo. De São Paulo a Pequim, existe uma discussão contínua sobre as condições de trabalho na indústria e no varejo. No Brasil essa questão ganhou manchetes de jornal em 2014, com a autuação de diversos varejistas por conta das práticas de seus fornecedores. O grande ponto é que o varejo é considerado responsável pelas ações de sua cadeia de suprimentos e, assim, precisa observar e controlar não apenas o que acontece ?dentro de casa?, mas também as práticas de seus fornecedores.A consequência de ignorar esse fato pode ser dramática. Nas últimas décadas o consumidor ganhou poder: o poder de deixar de comprar determinados produtos que não atendem às suas exigências de qualidade, conveniência, preço e, mais recentemente, valores morais e éticos.Não tomar nenhuma atitude é, na verdade, correr o risco de ser punido por ações que um fornecedor de um fornecedor tenha realizado. O varejo precisa incorporar a cadeia de suprimentos às suas práticas de governança corporativa e fazer dessas práticas uma declaração de princípios.Somente a construção de marcas fortes, que extrapolam a relação transacional com seus clientes, é capaz de impedir que ações de terceiros manchem a imagem corporativa. A busca de competitividade e eficiência não é apartada de princípios e valores. Ao contrário, depende deles para aprimorá-las.Marcas íntegras, consistentes e que comunicam seus valores têm vida longa. *Renato Müller é editor da plataforma NOVAREJO
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