A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) batizou a tecnologia “Stir Shaken” de Origem Verificada. Em suma, esse recurso vai identificar a procedência das ligações, oferecendo ao consumidor informações sobre a empresa que está ligando e até o motivo da chamada.
A Anatel está concluindo os testes do novo sistema, que está em fase de testes, nesse momento, com bancos e seguradoras. Por consequência, a perspectiva é que a novidade seja lançada até o final do ano, com 33 operadoras já contratando o serviço.
O objetivo do Origem Verificada é, como o próprio nome sugerem combater fraudes e chamadas telefônicas indesejadas. Importante destacar que a tecnologia conhecida como “Stir Shaken” já está em uso nos Estados Unidos e no Canadá.
Funcionamento do Origem Verificada?
Essa tecnologia permite que os provedores de serviços verifiquem se uma chamada realmente se origina do número que a disca por meio da autenticação de chamadas. Com a finalização do Origem Verificada, uma camada adicional de segurança é adicionada, dificultando a ação de scammers e reduzindo o volume de ligações indesejadas.
Por consequência, a expectativa é que o “Origem Verificada” se torne uma referência em segurança nas comunicações no país, promovendo uma maior confiança por parte dos consumidores ao atender uma chamada. “Os usuários poderão identificar chamadas legítimas e, assim, se proteger melhor de fraudes que afetam tanto pessoas físicas quanto empresas”, explicou John Anthony von Christian, presidente-executivo da ABT (Associação Brasileira de Telesserviços).
A declaração de John foi dada no dia 14 de agosto de 2024 durante o 4º Simpósio TelComp | IDP – Telecom, Tecnologia e Competição para o Futuro Digital, realizado em Brasília-DF. O evento é uma realização da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas, em parceria com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).
Empresas beneficiadas
Portanto, em suas palavras, o novo sistema beneficiará as empresas que se destacam por suas boas práticas e que dependem de chamadas para vender ou oferecer seus serviços. “As empresas de telesserviços atuam em áreas como vendas, seguros e agendamentos de consultas e exames. Quando o cidadão não atende, isso gera dificuldades”.
Segundo ele, o segmento já teve que lidar com mais de 60 mil demissões no nosso setor por esse motivo. “Com a implementação do novo sistema, teremos a chance de retomar as contratações, pois as pessoas estarão mais dispostas a atender as ligações que possam ser de seu interesse”, declarou o representante da ABT.
Vantagens para o consumidor
Ademais, na outra ponta, o consumidor também se beneficiará, vez que o Origem Verificada reduzirá significativamente o estresse que as chamadas indesejadas geram. Em suma, a tecnologia contribuirá para um ambiente de comunicação mais saudável.
“Em síntese, esta inovação também promoverá uma comunicação mais eficiente e segura. Isso porque ela criará um impacto positivo na experiência do consumidor e reforçando a integridade das redes de telecomunicações”, afirmou Cristiana Camarate, conselheira substituta da Anatel. “É papel fundamental para o consumidor e, portanto, seu direito, ter a sua chamada identificada. Uma vez que a ligação é identificada, as empresas que atuam no ramo de ligações, de qualquer que seja o setor, possa de fato a ligação como um meio de comunicação, que é para o que o telefone realmente foi criado”, frisou.
Funcionamento
O funcionamento do Origem Verificada se dará da seguinte forma: ao receber uma chamada de um número desconhecido, o consumidor verá na tela do seu dispositivo, além do número, o nome da empresa, o logotipo e o motivo da ligação. Esse procedimento se dará em celulares mais modernos que estão conectados às redes 4G e 5G.
As informações virão acompanhadas de um selo de autenticidade. O certificado garantirá que os dados realmente pertencem àquela empresa e não foram modificados. Com essas informações, o consumidor poderá identificar as empresas e decidir se deseja atender, evitando assim fraudes, telemarketing abusivo e chamadas indesejadas.
A data para o lançamento oficial ainda não foi definida, mas deve ocorrer ainda em 2024. Cristiana Camarate esclareceu no evento que atualmente existem cerca de 500 empresas que representam 80% do tráfego de chamadas no país, grande parte relacionada a chamadas abusivas e fraudes. “Há uma tendência dos consumidores em não atender quem não conhecem, a fim de evitar fraudes”.
Pesquisa
Uma pesquisa do Datafolha, divulgada no dia 13 de agosto revela que o Brasil enfrenta mais de 4.600 tentativas de fraudes financeiras por hora. E para que esses crimes ocorram, aplicativos de mensagens e ligações telefônicas são os preferidos dos golpistas.
Golpistas frequentemente realizam essas fraudes por meio de esquemas de engenharia social. Eles se apresentam instituições financeiras ou empresas renomadas, para tentar obter informações pessoais e senhas dos usuários. O aumento da digitalização e da dependência de plataformas online facilitou o trabalho desses criminosos. E é claro que estratégias cada vez mais sofisticadas para enganar as vítimas são utilizadas.
A pesquisa aponta que cerca de 60% da população já recebeu alguma proposta suspeita de fraude. Em suma, isso ressalta a necessidade de atenção e cautela ao compartilhar informações pessoais, principalmente em canais não oficiais. Instituições financeiras têm investido em mecanismos de segurança e educação do consumidor, mas a participação ativa dos indivíduos é fundamental para prevenir esses crimes.
Verificação e autenticação de chamadas
“Diversos dados indicaram a necessidade de atuarmos na verificação e autenticação das chamadas. Isso é essencial para o consumidor, é um direito dele ter sua chamada identificada. Nesse sentido, temos trabalhado na Origem Verificada. Essa é uma iniciativa da Anatel no combate às chamadas abusivas e fraudes”, afirmou Cristiana.
Gustavo Santana Borges, superintendente de Controle de Obrigações da Anatel, esclarece que haverá uma autenticação entre as operadoras em relação à origem da chamada. “Atualmente, contamos com cerca de 500 provedores de telefonia fixa, e existe uma interconexão entre esses participantes que repassam a chamada, mas não a origem. Quando a chamada chega ao destino, é necessário realizar uma busca para determinar a origem. “A partir de agora, exigiremos que a chamada possua uma assinatura,” afirma.
Gustavo acrescenta: “Quando a operadora receber a chamada no destino, ela terá acesso às informações dos dados”.