Um dos primeiros setores a ser impacto pelo distanciamento social causado pelo novo coronavírus foi, sem dúvida, o turismo. No Brasil, segundo um recente estudo da FGV, o PIB do setor este ano será de R$ 165,5 bilhões, queda de quase 39% na comparação com o ano passado. No entanto, felizmente, já existe apostando em ideias para o segmento após a pandemia. E uma delas é o staycation ou holistay.
Em suma, staycation, ou holistay, é um período em que um indivíduo ou família se hospeda e participa de atividades de lazer a uma curta distância de carro de sua casa. Em alguns casos, ele sequer necessita de acomodações noturnas.
Traduzindo para um português mais descompromissado, é possível traduzir a ideia para um turismo bate-volta – e isso não necessariamente é o mesmo que o turismo doméstico sob uma perspectiva de um país continental como o Brasil.
Staycation cresce no pós-distanciamento
De acordo com um recente levantamento feito pela Pew Research Center, 93% da população mundial vive, hoje, em países que adotaram algum tipo de medida de restrição de viagem. Ocorre que essas pessoas não apenas estão isoladas em seus países. Mais do que isso, elas, no máximo, transitam entre cidades próximas.
O Brasil é um exemplo disso. Segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), houve uma queda de 90% na demanda por viagens aéreas domésticas e redução de 100% no mercado internacional. “Desde 28 de março, está em operação a malha aérea essencial divulgada pela ANAC, com uma média de 177 voos diários para as 26 capitais e o Distrito Federal, mais 19 cidades, totalizando 46 destinos. Na primeira semana de março deste ano, o planejamento do setor previa 2.563 voos por dia para 146 aeroportos”, informa a entidade.
Tudo indica que esse cenário não deve mudar muito mesmo após o fim do isolamento social. E é justamente aí que existe uma oportunidade de reaquecer o setor a partir do turimos bate-volta. A viagem de carro, seja com o próprio ou alugado, provavelmente será uma opção viável e saudável, pois evita a conhecida aglomeração de um avião.
Turismo staycation cresce na China e Europa
Na China, por exemplo, já existem empresas que notaram um aumento significativo nas viagens de curta distância. Nesta segunda-feira (11), a rede de hoteis Marriott informou que a ocupação dos hotéis na China alcançaram um percentual de 25% em abril. Pode parecer pouco, mas esse índice sequer chegou a 10% em fevereiro.
Ainda segundo o informe, a esmagadora maioria dos ocupantes é formada por chineses ou residentes não estrangeiros que moram na China. Além disso, segundo a CNN Business americana, o Meituan Dianping, um aplicativo que permite aos consumidores fazer compras, pedir comida e reservar viagens, também registrou um aumento nos gastos com atrações turísticas locais e uma retirada nas reservas de hotéis e pousadas no mês passado.
Em alguns lugares da Europa, esse movimento de staycation também começa a dar as caras. O Airbnb, que recentemente demitiu 25% dos seus 7,5 mil funcionários em todo o mundo, observou um aumento no número de reservas domésticas na Dinamarca e na Holanda. “As pessoas querem opções mais próximas de casa, mais seguras e mais acessíveis”, disse Brian Chesky, CEO da empresa, em entrevista ao Financial Times.
Staycation: aposta da FGV
No Brasil, esse tipo de movimento não existe por um motivo óbvio: a recomendação é que todos fiquem em suas casas. Por ora, as empresas do setor apenas contam os prejuízos, analisam cenários pós-pandemia e torcem para que o fim do túnel chegue o mais rápido possível.
Recentemente, a FGV fez um levantamento sobre as perdas econômicas do setor. Para 2020, a projeção do PIB do turismo brasileiro será de R$ 165,5 bilhões, uma redução de 38,9%. Por outro lado, o estudo apontou caminhos para o segmento em um futuro próximo.
“O crescimento econômico do setor de turismo está fortemente atrelado à promoção. A crise presente trouxe a necessidade de revisão dos planos que estavam em andamento e replanejamento dos modelos de comunicação com os consumidores. Para o turismo internacional, que deve levar até 18 meses para retomar os níveis de demanda anteriores à pandemia, além de reimplementar o orçamento e as campanhas de marketing já existentes, será necessário pensar um novo modelo de campanha internacional de marketing de turismo, a fim de reforçar para o público global que o Brasil é um país seguro e que estará aberto para negócios”, aponta o estudo.
Além das promoções, o estudo aponta incentivos públicos e até linhas de financiamento para atrair o consumidor. Outro caminho é justamente o motivo dessa matéria. “Redirecionamento dos recursos e esforços para a promoção do turismo doméstico. Recursos devem ser disponibilizados para promoção do turismo doméstico e viabilização de eventos corporativos e de lazer no mercado interno”, aposta.
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