Em sua 11ª edição, a SP-Arte teve algo a comemorar: apesar de 2015 ser considerado um ano ruim, o mercado da arte não perdeu seu encantamento. E, apesar de baixo, a feira registrou crescimento. ?O evento cresceu muito bem ao longo dos últimos dez anos, em todas as dimensões, público, área, visitantes, negócios. O País todo cresceu nesses últimos dez anos e nós crescemos junto. E cresceu também a percepção e consciência da arte, podemos ver os museus registrando grandes recordes. A SP-Arte faz parte desse sistema?, comenta Fernanda Feitosa, diretora do evento.
Embora o objetivo principal da feira, que é considerada a maior da América Latina no segmento, seja a realização de negócios, ela tem outros papeis consideráveis. ?É uma plataforma para promoção de negócios no mercado de arte, setor importante da economia criativa. Mas é impossível dissociar o evento de importante formação cultural de um novo público. As pessoas que vêm aqui são as mesmas que vão fazer fila no museu, o interesse que as move é o mesmo, conhecer arte?, explica Fernanda.
Ela conta que a feira trabalha com a inserção de novos profissionais no mercado, as galerias mais novas ou as que trazem múltiplos, trabalhando com diferentes formas de trabalho dos artistas. Ao todo, mais de 2500 nomes puderam ser conhecidos, com a presença de 140 galerias nacionais e internacionais (ao todo, 17 países). ?Sempre há o esforço de trazer novas obras primas para o mercado?, completa.
Outra novidade desta edição foi, no terceiro andar do Pavilhão da Bienal, o Open Plan, espaço com obras de grandes dimensões, selecionadas pelo curador Jacopo Crivelli Visconti. Além disso, em parceria com a Faculdade de Belas Artes, performances foram realizadas por alunos selecionados por três curadores, Cauê Alves, Juliana Moraes e Marcos Gallon.
Vale destacar que, dentro dessa ideia de formação cultural, o evento teve ainda o Talks, programação de palestras organizadas em parceria com a ARTE!Brasileiros. ?Elas entram na formação de público através da discussão, reflexão, debates, reunindo os principais agentes desse grande setor que é o cultural, que são as pessoas que produzem, os artistas, as pessoas que discutem e analisam, curadores e críticos e as pessoas que compram, os colecionadores?, diz Fernanda.
Com o tema ?Arte como valor?, as palestras reuniram grandes nomes do mundo da arte. Polêmicas e apaixonantes, as apresentações foram além de histórias pessoais e de relação com a arte, gerando calorosos debates com a plateia.
No primeiro dia, Paulo Herkenhoff, diretor artístico do Museu de Arte do Rio (MAR), Thomas Galbraith, diretor de Estratégias globais da Paddle 8 e da Artnet e Sarah Thornton, escritora e socióloga norte-americana, apresentaram seus pontos de vista, sob mediação de Daniel Benevides, jornalista especial da revista Arte!Brasileiros. No período da tarde, Carolyn Christov-Bakargiev, historiadora de arte, escritora e curadora italiana, e o curador Ivo Mesquita fizeram suas considerações.
No segundo dia, o consultor de arte e jornalista norte-americano Simon Watson, apresentou e mediou a encantadora palestra de Donald e Mera Rubell, casal de colecionadores dos EUA (da The Rubell Family Collection ? RFC), logo após a apresentação de Marcio Fainziliber, presidente do Conselho do MAR, que também compareceu acompanhado de sua esposa, Mara Fainziliber. Os dois casais apontaram como a arte, entre outras coisas, é um dos fatores que os une.
Fernanda Feitosa, da SP-Arte, também tem esse ponto de vista. Seu interesse pela arte é compartilhado com o marido. ?Escolhemos arte como um elo entre o casal, nossa conexão. Alguns casais gostam de bicicleta, de mergulho, de cinema. Arte é o nosso contato, ?our thing??, conclui.