No livro Inevitável, do americano Kevin Kelly, co-fundador da revista Wired, o autor fala sobre as doze forças da tecnologia que dominarão os negócios e a nossa própria vida nos próximos 30 anos. A lista é longa e impactante. Devir, cognição, compartilhamento, aumento do fluxo, acesso, teagem, filtragem, remixagem, interação, rastreamento, questionamento e começo: estes parecem ser os condutores do avanço tecnológico dos próximos anos.
A inevitabilidade, no entanto, assusta as empresas que ainda estão aprendendo a lidar com as suas versões 1.0, 2.0 ou até, quiçá, 3.0. E nós, como indivíduos, também estamos confusos. É o que se pode observar com as pessoas em suas buscas narcisistas por fotos perfeitas, que não necessariamente são reais. É o que o próprio Kelly chama de “fotopia”.
Mas podemos comparar esse tipo de ação com a Pilha de Tijolos (polêmica obra que é, literalmente, um amontoado de tijolos), exibida na Tate Gallery, em Londres. Trata-se de um trabalho em que apenas artistas conseguem entender ou elogiar? Ou existe uma dependência sociológica, comportamental e humana? Essa inevitabilidade falada por Kelly implica que seremos vítimas dessa exposição de alguma maneira. E que, portanto, apenas aqueles que realmente estiverem preparados para isso prosperarão.
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A pergunta que fica é: essa exposição está revivendo funções que estavam ficando de lado na sociedade? A procura por atividades mais simples e artesanais mostra um desejo de reconectar humanidade e natureza? Olhe para nós, líderes criativos. Nós somos artistas com uma paleta complexa de problemas. Tem a parte social, cultural, além das forças tecnológicas, colidindo e se misturando cada vez mais. Por isso, o desafio que enfrentamos hoje é criar a habilidade de misturar essas “tintas” para achar o tom correto e pintarmos uma tela comercial bem-sucedida.
Inerente à noção de liderança está a habilidade de levar as pessoas em jornadas de criação pensando no futuro; seja com foco na sociedade, na política ou até mesmo no caminhar de um negócio. É vital que líderes criativos desenvolvam um conjunto de habilidades que os permitam navegar onde eles queiram ir – e não somente serem lançados em alto mar, em meio à uma tempestade das forças tecnológicas.
Na Berlin School of Leadership, nós exploramos essas habilidades híbridas com os nossos estudantes. Com isso, eles conseguem conduzir essas forças externas como vantagem. Uso a metáfora de um canoísta moderno que viaja tranquilamente por corredeiras que eram temidas por gerações anteriores. A tecnologia precisa ser uma ferramenta inevitável, como diz Kelly, que nos permita alcançar grandes resultados. Ela, no entanto, não pode ser vista como uma religião que nos guia para uma falsa iluminação.