A 10ª edição do World Retail Congress reforçou uma impressão: poucos setores do mercado são tão promissores para a criação de inovação quanto o varejo. Ao contrário de outros eventos focados em tecnologia ou que procura investir em concepções de futuro e tendências, o WRC é fortemente embasado no dia de hoje, na busca pelo resultado constante, equilibrado, na gestão eficiente de todos os aspectos que podem levar uma empresa ao sucesso ou ao fracasso.
O horizonte de futuro para os executivos que participam do congresso é baseado nas condições atuais, no modo pelo qual tecnologias que estão realmente presentes no dia a dia e que já mostraram que impactam a operação e são adotadas pelos consumidores. Em resumo, o WRC não é mirabolante. É pragmático. Gente de negócios falando de negócios. Estranhamente o executivo brasileiro não é muito fã de negócios. Mesmo nesse momento difícil que enfrentamos, é frustrante ver como ainda há lideranças do varejo refratárias a profissionalizar a gestão ao nível que o varejo demanda e já pratica em mercados maduros.
MESMO NESSE MOMENTO DIFÍCIL,
É FRUSTRANTE VER COMO AINDA HÁ LIDERANÇAS DO VAREJO
REFRATÁRIAS A PROFISSIONALIZAR A GESTÃO
Por trás de todo o pragmatismo que vimos nos palcos das palestras e plenárias do World Retail Congress, vimos uma tremenda janela de oportunidades para a criação de inovações disruptivas ao longo de toda a cadeia de valor do segmento varejista. Não há aspecto que não possa ser melhor trabalhado, em termos de eficiência, produtividade, experiência do cliente, indicadores de efetividade das lojas, upselling, redução de custos, design, geração de caixa, redução de endividamento. Ou seja, tudo o que as nossas empresas estão buscando aqui em plena crise econômica, está na agenda de empresas bilionárias, milionárias, tradicionais, ascendentes, de moda, supermercados, farmácias, cosmética, material de construção, cama, mesa e banho, mundo afora.
Então, virando a lente para o nosso mercado que está tentando criar um ambiente mais favorável à inovação, enquanto vê talentos migrarem para o Vale do Silício – um processo de destruição de valor é de exportação de talentos que alija o mercado brasileiro de qualidade na busca de soluções para seus dilemas – o campo de provas está aberto em todas as milhões de empresas do varejo nacional. Há carência, há falta de boas ideias, há necessidades fundamentais e há glamour.
Sim, glamour. O Brasil talvez tenha perdido o bonde dos algoritmos de massa, capazes de remodelar negócios – Uber, Google, AirBnb, Trip Advisor, Facebook, Instagram não nasceram aqui – mas temos todas as condições de propor apps e algoritmos poderosos para redimensionar toda a experiência do consumidor e a qualidade da operação de varejo. Escolas, empresas, incubadoras, fundos de investimentos, venture capitals e empreendedores precisam se voltar para onde há oportunidades. E elas são espantosas em cada rede varejista existente ou até em redes novas, que podem ser criadas sob o espírito da inovação.
Como os protagonistas das inovações e das mudanças de comportamento são os millennials, gente que está por volta dos 30 anos sonhando em fazer o próximo Google, #ficaadica: pensem em criar ideias, soluções e conceitos que façam a nossa sociedade de consumo avançar. Consumidores e empresas precisam de mecanismos e instrumentos que tornem as operações mais fluidas, que gerem novas formas de compra, análise de dados, produtividade.
O VAREJO BRASILEIRO PRECISA DE
PRAGMATISMO DE INOVAÇÃO PARA SE EQUIPARAR
COM A SOFISTICAÇÃO
Se eu fosse Millennial, mergulharia de cabeça no varejo brasileiro. O varejo brasileiro precisa de pragmatismo e de inovação para se equiparar com a sofisticação (reitero, o varejo é um dos negócios mais sofisticados do mundo hoje) e nível de ciência e assertividade observador nos EUA, na Europa, em Israel, na China e em Dubai. Quem sabe aí não está um nicho onde possamos competir e sermos protagonistas no mercado global?
*Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão.