Liderança humanizada: a trajetória de Fernando Torelly na área de Saúde
- Por Bianca Alvarenga
- 7 min leitura
Determinação, qualificação e visão clara podem transformar uma carreira. Foi com essa tríade que Fernando Torelly, CEO do Hospital do Coração (Hcor), construiu uma trajetória de 40 anos na área de Saúde. Torelly iniciou sua jornada na área de Recursos Humanos com um objetivo claro: tornar-se gerente de RH. Seu sonho concretizou-se quando assumiu a gerência de um hospital de 700 leitos em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Porém, enfrentar dificuldades na aprovação de seus projetos fez Torelly perceber a necessidade de se preparar para posições ainda mais altas. Com esse objetivo em mente, decidiu investir em sua formação e qualificação. Após concluir o mestrado em Administração, tornou-se vice-presidente-administrativo do hospital.
A trajetória de Torelly seguiu em ascensão após assumir o cargo de superintendente-administrativo no Hospital Moinhos de Vento, também em Porto Alegre. Quando o então CEO do hospital anunciou a aposentadoria, indicou Torelly como seu sucessor. Mesmo relutante, Fernando aceitou o desafio e foi aprovado pelo Conselho, assumindo a posição. “A partir daquele momento, busquei aprender o que é ser CEO de um hospital”, conta.
Agora, quatro anos à frente do Hcor, o executivo acredita que um CEO deve possuir empatia, proximidade com a equipe e a habilidade de gerar conflitos positivos que incentivem a melhoria contínua dos colaboradores. “É uma tarefa difícil, pois não se trata apenas de buscar resultados; é necessário entregar resultados e construir uma cultura na qual as pessoas gostem de trabalhar com o CEO da organização”, afirma.
Desafios da liderança
O maior desafio profissional enfrentado por Fernando Torelly foi durante a pandemia de Covid-19. Ele descreve o período como traumático, no qual a incerteza e o medo prevaleciam. “Naquele momento, não tínhamos o comando da organização e precisamos aprender a trabalhar em rede, com um nível de engajamento absoluto, com uma comunicação dez vezes melhor do que sempre tivemos e com o sentimento de solidariedade, em que você fazia uma reunião e, à tarde, alguém dizia: ‘Olha, o fulano que estava na reunião contigo está afastado, internou’”, lembra.
O conceito de ser um bom líder hoje não será o mesmo daqui a três anos, nem é o mesmo de três anos atrás. Muitas coisas estão mudando, e você deve sempre se adaptar e crescer
Fernando Torelly, CEO do Hospital do Coração (Hcor)
Diante de uma situação como esta, o papel do líder é ainda mais importante. “O CEO não pode responsabilizar os outros quando algo dá errado. Ele é o principal responsável. Quando a situação é boa, ele tem que colocar sua equipe na fotografia para tirar foto. Quando a situação é ruim, ele tem que dar um passo à frente e proteger as pessoas que trabalham com ele”, afirma.
Por outro lado, Torelly acredita que o maior desafio de um CEO é garantir que a equipe preserve a cultura da empresa mesmo após a sua saída. “Se quem nos substituir for uma pessoa que vem de fora é porque o CEO não criou uma cultura para desenvolver pessoas dentro da organização. Ele precisa formar o seu sucessor e entender que ele tem um ciclo”, pontua. “Defendo que o CEO não deve permanecer por longos períodos dentro de uma organização, porque ele perde a capacidade crítica e torna-se parte da obra”, complementa.
Exatamente por ter que enfrentar tantos desafios, Torelly tem um apreço por profissionais que almejem tornar-se CEO. Isso porque, em sua visão, eles irão treinar, capacitar-se e estudar, o que vai acabar influenciando o crescimento da companhia.
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Equilíbrio entre toque humano e Inteligência Artificial
Fernando reconhece o papel da Inteligência Artificial (IA) na gestão hospitalar. Ele prevê que a IA transformará processos administrativos e permitirá uma análise de dados sem precedentes, melhorando a tomada de decisões. No entanto, ele ressalta que o toque humano e a empatia continuarão sendo insubstituíveis na área de Saúde.
“Diferentemente de outras indústrias, o hospital é gente cuidando de gente – por mais que existam equipamentos e tecnologia. Precisamos ter o propósito de entregar algo a mais, pois as pessoas que vêm aqui estão emocionalmente impactadas. Um olhar, um toque, um carinho, uma relação empática ajudam muito no tratamento dos pacientes”, afirma.
Conselhos para futuros líderes
Para aqueles que aspiram a cargos de liderança, Torelly aconselha estudar e qualificar-se continuamente. “Ninguém que está em uma função de liderança ou que deseje ser líder pode dizer que está plenamente capacitado para essa função. Ser líder é um processo de aprendizado contínuo. O conceito de ser um bom líder hoje não será o mesmo daqui a três anos, nem é o mesmo de três anos atrás. Muitas coisas estão mudando, e você deve sempre se adaptar e crescer”, diz.
Ler bons livros, aprender com biografias e observar outros líderes – tudo isso faz parte da liderança. “Estude bastante e entenda que, se você deseja assumir essa função de liderança, precisa ter repertório”, indica o CEO do Hcor.
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