IA, CX e o gingado brasileiro
- Por Roberto Meir
O brasileiro deixa boas lembranças por onde passa. Não por acaso, tão logo o mundo teve contato com talentos brasileiros, ficamos conhecidos por ser um povo alegre e hospitaleiro, cheio de gingado e jogo de cintura. Nosso jeitinho fez história.
Elementos como o futebol e a música foram determinantes para a construção dessa imagem. Nos gramados do mundo, jogadores como Pelé, Garrincha, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho deixaram marcas: as jogadas, as técnicas e os gols memoráveis dos brasileiros não só elevaram o futebol brasileiro ao status de arte, mas também refletiram a criatividade e a paixão do nosso povo. Da mesma forma, o samba conquistou corações, mentes e corpos ao redor do mundo. Assim, a história provou que o Brasil tem um magnetismo único que está presente não só nos esportes e na cultura, mas em todos os aspectos da vida.
No entanto, assim como o futebol perdeu o charme nas últimas décadas, ouso dizer que nosso povo foi deixando de lado a magia de ser brasileiro. Ao contrário de ídolos que ousaram ir além do que já havia sido tentado e testado – e fizeram história –, passamos a seguir cartilhas e a ser protocolares enquanto cidadãos, consumidores e profissionais. Aquele espírito inovador e desbravador parece ter sido suprimido: estamos mais previsíveis, menos propensos a correr riscos, e, como resultado, perdemos parte do brilho que sempre nos distinguiu.
É claro que a história dos últimos anos teve influência sobre esse cenário. O nefasto período de pandemia que vivemos deixou sequelas físicas e psicológicas. Ao mesmo tempo, as redes sociais, com seus feeds infinitos e notificações incessantes, criaram um ambiente que se intensifica a cada dia, no qual a norma é estar nos extremos, em busca de validação instantânea ou em meio a contextos de polarização.
Com isso, é comum que pessoas (especialmente os mais jovens) fiquem presas em ciclos de aprovação superficial e cancelamentos impiedosos. A possibilidade de chegar a meios-termos está cada vez mais remota, e esse cenário contribui para uma sociedade menos engajada, menos disposta a dialogar e a buscar soluções conjuntas.
São as habilidades humanas – como criatividade, improviso, capa-cidade de tomar decisões rápidas e ágeis, em condições extremas ou urgentes – que realmente transformam insights em ações valiosas
Roberto Meir, publisher
Por outro lado, há novos recursos que trazem soluções e não problemas. É o caso da Inteligência Artificial (IA), que deve nos trazer mais eficiência e conveniência, mas também desafios: não podemos ser reféns dos vieses que tais novas tecnologias podem incorporar, mas também não devemos nos acomodar com as facilidades que elas trazem.
A bem da verdade, para ser realmente transformadora, a IA precisa estar acompanhada pela inteligência humana, ou seja, a ideia é que possamos utilizá-la para simplificar (e até realizar por completo) tarefas manuais, aproveitando ao máximo o nosso potencial, que combina emoção e razão de maneira única. Para que a tecnologia agregue valor ao dia a dia, é preciso utilizá-la sem perder de vista o potencial humano de interpretar, fazer conexões e correlações – algo que só se obtém a partir de uma vivência intensa e verdadeira.
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Essa perspectiva vale para o âmbito do atendimento ao cliente: a IA pode ser usada para analisar dados, antecipar necessidades, automatizar respostas a perguntas frequentes, monitorar a experiência do cliente e trazer informações em tempo real, além de analisar feedbacks e indicar oportunidades de melhoria.
Assim, humanos podem concentrar esforços na resolução de problemas mais complexos e delicados ou, simplesmente, usar dados da IA como inspiração para tomar atitudes e decisões de uma forma que só nós sabemos fazer. Afinal, são as habilidades humanas – como criatividade, improviso, capacidade de tomar decisões rápidas e ágeis, em condições extremas ou urgentes – que realmente transformam insights em ações valiosas.
Estou certo de que a IA fará toda a diferença no aprimoramento e na melhoria da experiência do cliente, mas ainda será necessário adicionar outros diferenciais à equação para criar a tão sonhada excelência e tornar a experiência completa.
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