Talvez o leitor não tenha percebido, mas tecnologias digitais estão por toda parte, dominando a paisagem dos negócios e até mesmo alterando a forma com que comunidades humanas vivem. Isso cria um novo e fascinante campo de desenvolvimento de inovações, a partir de produtos que permitam a interação humana e digital. Este foi o tema central do debate “Um estudo de campo sobre as interações humana e digital“, no SXSW.
O painel trouxe diversas visões, fruto de experiências e estudos de campo em diversa disciplinas, como a ciência espacial, software e linguagem humana com um debate entre profissionais absolutamente fora da caixa. Evren Ay é um poliglota colaborativo e entusiasta da tecnologia, além de fundador do MotaWord, a mais veloz plataforma de tradução global. Gabriela Triffiletti é uma consultora e especialista em Design Thinking com obsessão por desenhar produtos disruptivos e colaborado das Nações Unidas. Jennah Krievel é estrategista de negócios e investidora, além de PhD em nanotecnologia. Por fim, Matthew Simos é CEO E Co-fundador da NyriadmLimited, e inventor de tecnologias em áudio, cinema digital, ótica, medicina, astronomia e energia nuclear.
Jennah funcionou como mediadora e introduziu os especialistas. Primeiramente, Matthew contou sobre uma experiência que conduziu com um time de engenheiros, criando um software capaz de reorientar suas atividades, aumentando sua produtividade e expandindo os limites de sua capacidade criativa. O código foi criado utilizando “metamatemática”, criando uma nova linguagem de desenvolvimento e ilustrando a harmônica interação entre o humano e o digital.
Evren Ay falou sobre o MotaWord, uma plataforma de tradução que funcione globalmente, permitindo o domínio de diversa linguagens de forma simples e a custos baixos. O resultado foi conseguido de forma colaborativa, conectando de tradutores do mundo todo, para refinarem a plataforma e construindo um sistema de Inteligência Artificial que capacite a tradução de diversas línguas com cada vez mais qualidade.
“A tradução é uma disciplina que pode e vai funcionar melhor em uma plataforma digital. É uma tarefa que funciona melhor determinada por algoritmos, de um modo muito superior do que humanos conseguem trabalhar”, afirmou Evren. Ele diz que a plataforma MotaWord permitirá, a partir da interação humana/digital, um mundo que possa se entender melhor.
A Argentina radicada na Inglaterra, Gabriela Triffiletti é obcecado por pensar em soluções para os grandes problemas do mundo. Nas Nações Unidas, ela trabalhou em um projeto que visava oferecer internet de qualidade para refugiados. Ela utilizou a metodologia de design thinking. O início do projeto passou pela compreensão do problema. Foram entender a realidade de refugiados africanos, entrevistaram experts globais e refugiados em campos localizados no Quênia e em Uganda.
A partir desse conhecimento, Gabriela compreendeu que os refugiados sabiam usar e tinham smartphones e já tinham o hábito de se conectar em rede. E compreendendo a relação entre tecnologia, negócios e as necessidades das pessoas, desenvolveram um protótipo em 48h e testado com 70 mil pessoas em acampamentos de refugiados. A ideia permitia o envio de recursos, doações e dinheiro por meio dos celulares por meio de conex?es low fi, com mínimo consumo de banda. E assim foi feito.
O debate teve como conclusão o tipo de sentimento que une essas pessoas: o que afinal leva cientistas, desbravadores, visionários a buscarem soluções de modo incansável? Para Matthew é justamente essa necessidade de nunca desistir, de ir além do óbvio e do possível.
Quantos de nós estão dispostos a avançarem sobre o futuro e a desenharem novos modelos? Evren diz que tudo passa pela criação de um ambiente baseado em tarefas. “As habilidades das pessoas contam tanto quanto o tamanho desafios que colocamos para elas”, concluiu.