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Marcas podem ajudar os consumidores a reduzirem o uso das redes sociais?

Marcas podem ajudar os consumidores a reduzirem o uso das redes sociais?

O chamado scroll infinito nas redes sociais pode trazer malefícios à saúde mental e ao bem-estar dos consumidores, e promover um uso consciente das plataformas contribui com a construção de uma relação de confiança.

As redes sociais são um ambiente dinâmico, oferecendo vasto leque de oportunidades para marcas se conectarem diretamente com seus consumidores, fomentando a criatividade e construindo relacionamentos.

No entanto, esse mesmo espaço que pode ser enriquecedor também apresenta um desafio crescente: a rolagem infinita. Este comportamento, comum em plataformas como Instagram, TikTok e X, prende os usuários em ciclos de consumo passivo e sem propósito, muitas vezes impactando seu bem-estar mental.

A seguir, vamos explorar como as marcas podem contribuir para evitar que seus consumidores fiquem presos no “scroll sem fim” e como é possível criar um ambiente mais saudável e consciente nas interações digitais, baseado em criatividade e conexão genuína.

Impacto do scroll infinito no bem-estar

O uso descontrolado das redes sociais e a exposição prolongada ao conteúdo dessas plataformas podem ter efeitos prejudiciais para a saúde mental.

Danilo Suassuna, psicólogo e doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, explica que o uso excessivo dessas plataformas pode desencadear comportamentos compulsivos, como o scroll infinito, associado à busca constante por recompensas rápidas, como curtidas e notificações.

Segundo ele, esse ciclo de dopamina interfere diretamente na saúde mental dos usuários, especialmente em jovens que podem sofrer com aumento de ansiedade e depressão.

A publicação “Um estudo sobre o uso das redes sociais por adolescentes” na Revista Psicopedagogia, corroborou essa visão ao apontar que o comportamento repetitivo de rolagem sem fim é comparável a um ciclo de recompensas intermitentes, levando a um consumo passivo de conteúdo que reduz a capacidade dos indivíduos de se concentrar e descansar adequadamente.

Além disso, o scroll infinito pode agravar problemas como comparação social negativa e baixa autoestima, alimentando sentimentos de inadequação.

“Essa rotina de consumo passivo pode resultar em uma percepção distorcida da realidade, moldada pelo conteúdo filtrado nas redes, o que agrava o impacto emocional nas pessoas”, destaca o profissional.

É nesse contexto que as marcas têm um papel fundamental para quebrar esses ciclos viciosos.

O papel das marcas em incentivar o uso consciente

Marcas que desejam estabelecer um relacionamento saudável e duradouro com seus consumidores precisam desenvolver estratégias que encorajem o uso consciente das redes sociais. Isso pode ser feito sem sacrificar o engajamento, utilizando psicologia positiva e educação emocional para criar uma conexão mais profunda.

Para Danilo Suassuna, uma das formas mais eficazes de atingir esse objetivo é promover “pausas conscientes”, com o envio de notificações que incentivam os usuários a se desconectarem temporariamente, refletindo sobre o tempo gasto on-line.

Por exemplo, o Instagram implementou recentemente uma funcionalidade que alerta o usuário quando ele passou um determinado tempo no aplicativo, reforçando a necessidade de pausas e de equilibrar a vida on-line com atividades fora da tela.

As marcas podem usar campanhas para estimular atividades off-line que complementam a vida digital. Danilo Suassuna sugere que recompensar o comportamento saudável, como práticas de mindfulness, pode ser uma forma de balancear o tempo on-line com hábitos que promovem bem-estar.

A Revista Estudos de Psicologia também destacou a importância dessas práticas, mostrando que elas ajudam a reduzir o estresse e melhoram o humor.

Estratégias para criatividade e conexão

As empresas devem considerar como o conteúdo que produzem influencia o comportamento de seus consumidores. Para evitar o uso compulsivo das plataformas, as marcas devem criar conteúdos que inspirem a criatividade e a conexão genuína, incentivando a interação ativa e reflexiva dos usuários, em vez do consumo passivo.

Uma maneira de promover a criatividade é incentivar os consumidores a participar ativamente de projetos colaborativos. “A cocriação é uma poderosa ferramenta para estimular a autonomia e o senso de pertencimento dos usuários, sem forçar o uso contínuo das plataformas”, reflete Danilo.

Campanhas de cocriação permitem que os consumidores compartilhem suas histórias pessoais, ideias e colaborações, resultando em um engajamento mais saudável e produtivo.

Um exemplo de boa prática nesse sentido vem de empresas que incentivam a expressão pessoal através da arte, da música e de outras formas de expressão criativa.

Marcas como Adobe e Spotify incentivam os usuários a utilizarem suas plataformas para criarem algo novo, ao invés de apenas consumirem conteúdo. Esse tipo de abordagem promove uma experiência mais ativa e significativa, que se afasta do modelo de scroll infinito.

O design ético e a redução da dependência

O design das plataformas de redes sociais desempenha um papel essencial no comportamento dos usuários. As estruturas de rolagem infinita e a gamificação de curtidas e compartilhamentos são táticas projetadas para maximizar o tempo de engajamento, explorando vulnerabilidades psicológicas. 

“O design persuasivo utiliza gatilhos que exploram a necessidade de aceitação social e recompensas imediatas, mantendo os usuários conectados por mais tempo”, aponta Danilo Suassuna.

As marcas, no entanto, podem adotar práticas mais éticas para reduzir essa dependência. Um exemplo é a escolha de esconder o número de curtidas em postagens, como o Instagram testou, a fim de reduzir a ansiedade relacionada à comparação social.

As empresas também podem colaborar com as plataformas para implementar recursos de bem-estar digital, como lembretes automáticos para pausas ou a implementação de limites de tempo de uso.

Além disso, criar interações mais significativas, que incentivem o diálogo e a troca de ideias, pode fazer com que os usuários interajam com os conteúdos de forma mais reflexiva. Isso pode ser feito, por exemplo, promovendo discussões que estimulem debates saudáveis em vez de incentivar o consumo superficial de conteúdos virais.

Diversas marcas já estão adotando práticas que ajudam a promover o bem-estar digital. Apple e Google desenvolveram ferramentas que permitem aos usuários monitorar o tempo que passam nos aplicativos, promovendo um uso mais consciente das plataformas. Esses exemplos mostram que é possível criar conexões autênticas sem incentivar o uso excessivo e sem propósito das redes sociais.

Caminhos para um futuro mais saudável nas redes

As redes sociais têm o potencial de proporcionar conexões valiosas, mas também de aprisionar os usuários em um ciclo de dependência. Para evitar esse cenário, é crucial que as marcas assumam a responsabilidade de promover um uso equilibrado e saudável das plataformas.

Como Suassuna sugere, é essencial que as marcas invistam em designs éticos, promovam a educação emocional e encorajem os consumidores a tomar decisões conscientes sobre o uso das redes.

Assim, é possível construir uma relação mais saudável e de longo prazo com os consumidores, baseada em confiança e no bem-estar digital.

Em um mundo onde as interações on-line são cada vez mais presentes, o equilíbrio entre o tempo gasto on-line e off-line é fundamental para garantir a saúde mental e emocional dos usuários.

Danilo destaca que as redes sociais são ferramentas poderosas, que podem ser utilizadas tanto para o bem quanto para o mal, dependendo de como são projetadas e usadas. “As marcas têm a responsabilidade de garantir que suas ações nas redes sociais promovam bem-estar e autonomia. Incentivar o uso equilibrado das plataformas é não apenas uma prática ética, mas também uma estratégia de longo prazo que fortalece a confiança entre a marca e o consumidor”, comenta. “Acredito que devemos falar, cada vez mais, em como criar um ambiente digital mais saudável, onde o usuário tenha ciência de que quem controla o algoritmo são suas escolhas! Não temos que forcar e colocar o usuário como mero receptor, mas como aquele que decide, e muito, suas interações”.

As redes sociais podem, sem dúvida, oferecer conexões valiosas, mas o tempo off-line e as interações presenciais continuam sendo essenciais para o bem-estar mental e emocional.

O estudo “Contribuições das práticas de mindfulness para o uso consciente das redes sociais”, também publicado na Revista Estudos de Psicologia (2018), destaca a importância de equilibrar o tempo gasto on-line com atividades fora do ambiente digital, como encontros presenciais com amigos e familiares.

“Essas interações face a face promovem conexão emocional genuína, fortalecem os laços sociais e ajudam a desenvolver habilidades de comunicação e empatia que muitas vezes ficam comprometidas no ambiente virtual”, finaliza.

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