O mundo tem grandes problemas sociais. O Brasil tem uma grande cota de participação neles. Infraestrutura, Saúde, Violência, Miséria. Esses grandes temas não podem ser ignorados. Por ninguém. E por nenhum agente da sociedade. De todos eles, contudo, há um que está no topo das maiores preocupações dos brasileiros (e deveria ser a prioridade de qualquer esfera de Governo, mas não é): a Educação. Assim mesmo, com “E” maiúsculo.
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Investir em Educação é muito mais do que criar uma “Pátria Educadora”. Envolve investimentos de longo prazo, contínuos e irreversíveis. Os frutos não serão colhidos agora, somente em uma ou duas gerações, e não devem ser colocados como plataforma de campanhas, mas sim como projeto de Nação, que ultrapassa partidos e ideologias. Infelizmente, contudo, por aqui não é assim. E colhemos os frutos, agora, dessa ignorância: o Brasil tem índices pífios em Educação. Esse cenário representa mais do que quedas de posições em rankings mundiais. Representa um futuro de incertezas: quem serão os cidadãos que vão liderar comunidades, empresas e governos? Como eles votarão? Que legados construirão? Que inovações criarão?
Essas preocupações nos últimos anos têm ultrapassado barreiras e saiu do campo público para o privado. As empresas têm acordado para essas questões. Entenderam que sem investir agora não conseguirão talentos capacitados para criar e mudar seus negócios no futuro. Preocupar-se com isso, portanto, é imperativo em qualquer campo. Não à toa instituições como o Instituto Ayrton Senna têm ganhado cada vez mais relevância. O espaço, sua história e atuação foram acompanhados de perto por participantes do Whow! Festival de Inovação, evento que acontece nesta semana em São Paulo. Afinal, não há inovação sem pessoas capacitadas, sem Educação.
Uma história fora dos holofotes
A geração de quem tem 30 anos e mesmo quem veio depois conhece ou ao menos já ouviu falar em Ayrton Senna. O piloto brasileiro de Fórmula 1 vencia nas pistas como ninguém, mas sempre deixou claro que as conquistas não eram gratuitas. Eram resultado de muito trabalho. Senna era um inquieto. Queria fazer mais do que conquistar títulos. Em 1994, ele sentou com sua irmã, Viviane Senna, para pensar em “algo maior”: queria construir algo, mudar alguma realidade do Brasil. Não teve tempo de ver o instituto que leva seu nome ser erguido em prol da Educação ao final daquele mesmo ano.
Quem contou a história foi Fabiana Fragiacomo, gerente de Marketing do Instituto, que recebeu o grupo do Whow!. Atuar naqueles anos era mais difícil. “Hoje, todo mundo quer mudar o mundo”, disse.”O Instituto é o maior legado do Senna fora das pistas”, completou Rafael Vergueiro, da área de Comunicação do Instituto. “Ele nunca se conformou com a realidade do Brasil e ele queria fazer algo efetivo e eficiente para mudar isso”, contou.
Por dois anos, o instituto fez ações pontuais, mas resolveu virar a chave. Era necessário gerar impacto de massa, em escala. Assim, diferente de muitas organizações, o Instituto atua junto aos Governos, com ações direcionadas aos educadores do ensino público. “81% dos alunos do País estão na rede pública de ensino. É lá que a mudança acontece, que o jogo acontece”, explicou Fabiana. É na rede pública que mora os grandes problemas. Do total de alunos que passaram pelo Ensino Médio, somente três passaram com o conhecimento adequado em Português e apenas UM passou com conhecimento médio em Matemática.
A atuação do Instituto é calcada na formação dos profissionais de educação. Eles são os grandes influenciadores, são os que levam as soluções para dentro das salas de aula. Com eles, o impacto é maior. “O problema das ações em Educação no Brasil é a escala”, afirmou Vergueiro. Atuando dessa forma, o Instituto está presente em 17 Estados e 660 municípios. E já beneficiou mais 1,5 milhão de crianças e jovens.
Um dos grandes exemplos da metodologia do Instituto é o Colégio Estadual Chico Anysio, no Rio de Janeiro. Sem grandes investimentos em tecnologia ou em estrutura física, o colégio se tornou referência no Brasil. E tudo começou com os educadores – eles foram a chave das mudanças. Há três anos com as portas abertas, o colégio colocou alunos entre os primeiros lugares do Enem e zerou o índice de abandono – um dos principais problemas no Ensino Médio.
Para se ter uma ideia do tamanho do impacto, se o método empregado no colégio fosse utilizado como referência em todo o País, o Brasil subiria nada menos que 30 posições no Pisa e ficaria à frente dos Estados Unidos. O desempenho em Matemática, por exemplo, aumentaria 143%. Hoje, a realidade é bem diferente, mas estamos caminhando. Há 35 escolas da rede pública parceiras do Instituto e que têm colhido resultados semelhantes.
Por uma nova educação
A tecnologia e a globalização mudaram – ou deveriam mudar – a forma como as escolas ensinam. O modelo de fileiras com professores à frente e alunos copiando o que está no quadro negro não funciona mais. A aposta é na colaboração. “O mundo está repensando a forma de se fazer Educação. Precisamos desenvolver nas crianças e nos jovens a capacidade de inovar, de trabalhar em time e resolver problemas”, disse Vergueiro. O mundo precisa mais do que pensadores, precisa de pessoas que façam.
“As empresas podem ajudar no impacto da Educação”, afirmou Fabiana. “Não precisamos ter um social business, mas um business com apelo social. Se a empresa entende seu impacto no mundo, ela encontra um propósito que faça sentido. Todas as gerações mudaram, temos uma sociedade mais conectada e consciente. A sociedade está amadurecendo e a empresa que olhar isso estará a frente. Hoje não basta a empresa ser competitiva com preço, mas com o que ela faz pela sociedade. É um olhar e uma construção de longo prazo”, disse. Se todas as empresas fizessem algo pela Educação da sua região, o impacto dessa corrente seria inimaginável. Por que não começar hoje? Afinal, como disse Senna, “temos a obrigação de continuar aprendendo sempre”. Só assim é possível inovar.
A primeira edição do festival de inovação, organizado pelo Grupo Padrão, acontece em mais de 70 lugares de São Paulo. Acompanhe a cobertura aqui e nas redes sociais com a #WhowFestival!