Muito se fala sobre a Síndrome do Impostor ou da Impostora quando o assunto é a relação com o trabalho. O conceito se refere a casos em que o profissional sente-se uma fraude diante das tarefas que executa. Despreza seu próprio potencial e é incapaz de aceitar o próprio sucesso no posto ou na carreira como um todo. Por isso o uso da palavra impostor: a pessoa sente que, a qualquer momento, poderá ser “descoberta” como não sendo tão boa assim no que faz. E, em geral, quem está acometido pela síndrome costuma atribuir seus feitos à sorte e não ao próprio esforço.
No âmbito profissional, as mulheres costumam ser bem mais acometidas por essa síndrome do que os homens – pesquisas indicam que os números podem ser de 66% entre elas, contra 56% para eles, segundo dados do site de negócios, tecnologia e economia VisualCapitalist.com. Por atingir qualquer pessoa, em qualquer posto de trabalho, o problema é bastante democrático, ainda que seja possível identificar tipos de Síndrome do Impostor de acordo com as características mais determinantes de cada comportamento.
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Quem identificou melhor os perfis de autossabotagem foi a Dra. Valerie Young, uma das maiores especialistas no assunto mundo afora. A norte-americana já publicou 11 livros, muitos deles relacionados ao tema, dá palestra sobre a Síndrome do Impostor em empresas como Google e Facebook. Para mergulhar melhor em como quem sofre com esse comportamento se sente, ela delimitou 5 perfis. Desta forma, fica mais fácil compreender como contornar pensamentos e atitudes que levam a esse caminho.
Quer saber se você se encaixa em algum dos perfis? Confira abaixo o que descobriu o site VisualCapitalist.com utilizando os estudos da Dra. Young como ponto de partida para se aprofundar no tema, entre outras referências.
Impostor (a) expert
Segundo a Dra. Young, quem possui mais fortemente essas características acredita que precisa saber tudo – de tudo. E se frustra ou sente vergonha quando percebe que não sabe. Para neutralizar a sensação de ser uma fraude, neste caso, os livros da Dra. Young recomendam parar de fazer comparações com outras pessoas. “Evite se igualar a pessoas com trajetórias diferentes das suas ou com mais experiência”, diz.
Outra saída para neutralizar o Impostor Expert é se tornar o mentor de alguém mais júnior que você. Desta forma, ficará bem claro tudo que você sabe e, assim, ainda estará passando seu conhecimento adiante.
Impostor (a) solo
Esse profissional acha que precisa fazer tudo sozinho para que a qualidade seja a melhor possível. Em outras palavras, não aceita ajuda de ninguém e, quando isso acontece, se sente desconfortável em colocar seu nome no projeto. Para diminuir os arroubos do Impostor Solo, a Dra. Young recomenda que a pessoa converse com alguém que confie falando sobre suas próprias habilidades e medos. Isso evita se sentir sufocado pelos próprios pensamentos “impostores”. Até porque, conversar pode ajudar a trazer soluções para os problemas que se está enfrentando.
Por mais difícil que seja para esse tipo de profissional, Young também recomenda que ele busque trabalhar em conjunto com outras pessoas para aprender melhor o que significa colaboração. Além disso, faça uma lista de gente com quem gostaria de trabalhar: pode incitar mais vontade de criar projetos em grupo.
Impostor (a) gênio natural
Nesse caso, o comportamento impostor se manifesta com o profissional achando que precisa ter habilidade para fazer tudo com facilidade. Se a tarefa começa a ficar difícil, ele sente que não tem talento para isso. Esse tipo de profissional precisa derrubar a crença de quem o sucesso é algo natural: “É preciso entender que não se conquistará muita coisa sem trabalho duro e ética”, diz o VisualCapitalist.com. Para superar essa ideia, a Dra. Valerie costuma indicar, em suas palestras e livros, que esse tipo de Impostor comece a identificar características específicas para desenvolver com o tempo.
Impostor super-homem ou super-mulher
Este é um tipo bem comum e pode se cruzar com os outros. De acordo os estudos da expert no tema, a pessoa com essas características acredita que precisa ser excelente em todas as áreas de sua vida. Ela também tem muita dificuldade de lidar com o conceito de fracasso: “É preciso lembrar a esse profissional que ele precisa fazer críticas construtivas a si mesmo. Elas funcionam melhor do que introjetar pensamentos de que não é bom o suficiente para fazer alguma coisa”. Para passar desta fase, é recomendado buscar conversas com pessoas mais experientes, que possam compartilhar como deixaram para trás seus desafios.
Impostor (a) perfeccionista
Para ele, ou ela, nada está bom o suficiente… Nunca. Entre as características deste tipo está a de evitar qualquer movimento desconhecido na carreira por acreditar que não sabe o suficiente (e nem saberá). Para escapar de evoluir, fica esperando a “hora perfeita” para fazer alguma coisa, e sempre encontra algum defeito no que executa para, desta forma, não galgar postos ou ações mais ousadas.
Para combater esse perfeccionismo predatório, recomenda-se abraçar o mantra de que progredir é mais importante do que a perfeição. Documentar as suas conquistas também ajuda a mente de quem pensa assim compreender o quanto já avançou e aprendeu na carreira e a diminuir a sensação de ser uma fraude.
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