Elas estão em toda parte, seja em propagandas e anúncios na TV, rádio ou internet, em postagens nas redes sociais e até mesmo em patrocínio de times de futebol. As chamadas bets – empresas de apostas esportivas – conquistaram os brasileiros ao permitir aos apostadores serem mais do que simples espectadores. Agora eles são, sobretudo, participantes ativos.
Mas o que realmente influencia e motiva os consumidores das bets? Afinal, para os brasileiros que, em sua maioria, possuem uma renda curta e precisam fazer cálculos para pagar as contas mensais, as apostas representam um risco para a saúde financeira.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro, apresentada no CONAREC 2024, ajuda a esclarecer essa questão.
Apresentada por Renato Meirelles, diretor presidente do Instituto Locomotiva, e Christian Ommundsen, diretor de CX da QuestionPro, a pesquisa ouviu 1387 pessoas em todo o Brasil – homens e mulheres maiores de 18 anos. A margem de erro é de 2,6 pontos percentuais.
Motivação inicial das apostas
De acordo com o levantamento, 68% dos brasileiros tiveram influência de propagandas ou anúncios de apps/sites de aposta esportiva ou de patrocínio de times para começar a fazer apostas esportivas.
Entre quem já fez apostas esportivas, 39% tomou conhecimento por meio de propagandas na TV ou rádio, 37% na internet, 36% por meio de recomendação de amigos e conhecidos e 29% influenciados por postagens em redes sociais.
Impacto na relação com o esporte
Outro recorte do estudo apontou que 77% dos apostadores passaram a acompanhar mais esportes depois que começaram a fazer apostas esportivas.
A modalidade que ganhou mais apostas dos brasileiros foi o futebol (86%), seguido pelo basquete (21%), vôlei (15%), Fórmula 1 (13%), e-sports (13%) e tênis (11%). Além disso, 55% informaram apostar em outros esportes além do futebol.
Sorte ou conhecimento?
Quando indagados se as apostas esportivas dependem mais de conhecimento ou de sorte, 61% dos respondentes apontam o conhecimento como fator preponderante, sobretudo homens (64%). Já entre os 39% que creditam na sorte, 43% são mulheres.
Quase metade das pessoas (49%) acredita que tem mais conhecimento sobre esportes do que a média dos apostadores, enquanto que 20% acham que têm o mesmo conhecimento e 31% menos conhecimento em comparação à média.
Ainda relacionado ao comportamento, 4 em cada 10 apostadores têm superstição para trazer sorte enquanto acompanham o esporte em que fazem apostas.
Recompensas
Um dos tópicos da pesquisa abordou os critérios que levam as pessoas a escolher um determinado site ou app de apostas. Para 62%, os patrocínios de times influenciam na escolha, enquanto que 53% são convencidos por propagandas e anúncios.
Merece destaque os 38% motivados por bônus ou cashback. “A lógica de crescimento das bets é a lógica de oferecer cupons”, explica Renato Meirelles.
Conforme mostra o levantamento, há uma diferença entre a alta e baixa renda nos principais drivers para a escolha de um site ou app de apostas. Para as classes A e B, por exemplo, bônus e cashback é o principal critério de escolha (47%), enquanto que apenas 29% das classes D e E apontam este tópico.
Por outro lado, 79% das pessoas das classes D e E são influenciadas por patrocínio de times, contra 49% das classes A e B.
Apostas “multicanais”
Os apostadores, de forma geral, não são “fiéis” a um determinado canal de aposta. Pelo contrário. A maioria (59%) já jogou em mais de um app ou site especializado e 13% já jogaram em 5 ou mais empresas.
Além disso, 84% já mudaram o app ou site em que apostam. Os principais motivos para troca foram o oferecimento de bônus e cashback (37%), propagandas e anúncios (26%) e recomendação de amigos (25%). Ao todo, 6 em cada 10 apostadores já trocaram o app ou site porque sentiram que estavam com azar.
“As apostam geram retenção de clientes a partir do momento em que eles não apostam apenas nos resultados. Também podemos afirmar que a experiência do usuário (UX) é importante. No entanto, se o site ou app não der retorno financeiro, eles não fidelizam os apostadores. Por isso o oferecimento de bônus ou cashback”, conclui Renato.