A pauta da diversidade dentro das empresas tomou uma importância maior nos últimos anos, especialmente durante a pandemia. Cada vez mais preocupados com a igualdade racial e social, os consumidores passaram a exigir das empresas não apenas uma atitude mais igualitária, como também um quadro de funcionários diverso e ações de combate às desigualdades.
Para além das demandas do consumidor, os próprios colaboradores têm mostrado preferências claras de escolha. É o que mostra a pesquisa realizada pelo Indeed, site de vagas de emprego, em parceria com o Instituto Guetto: 57% dos profissionais negros consideram inclusão e diversidade como fatores decisivos ao escolherem uma empresa para trabalhar.
Fora a consideração importante, outro fator de grande relevância é que a promoção da diversidade precisa ser verdadeira e, de fato, contribuir com a sociedade. O estudo mostra que 44.5% dos profissionais negros considerariam trocar de emprego se sofressem ou presenciassem episódios de discriminação racial dentro da empresa.
“O racismo é um grande desafio no processo de contratação e na vivência corporativa. A discriminação contra pessoas negras e pardas aparece de várias formas no dia a dia da empresa, mas começa já nos processos de seleção e promoção de vagas”, afirma Vitor Del Rey, presidente do Instituto Guetto.
Uma realidade que precisa ser mudada com urgência
Os episódios de racismo têm — ainda bem — ficado cada vez mais evidentes, com resoluções judiciais. Além da perspectiva criminosa, a divulgação na mídia também tem evidenciado as práticas em um nível bem mais elevado, o que configura em uma percepção ruim para as empresas envolvidas.
Assim, o mercado de trabalho para essas pessoas também mudou. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), mais da metade da população do Brasil é negra (54%), o que mostra a importância de manter um espaço aberto e igualitário dentro das companhias, visto que a o desemprego entre os negros é 71% maior do que entre os brancos.
De acordo com o estudo da Indeed e do Instituto Guetto, quanto mais desigual o ambiente, menos credibilidade ele tem com a população negra: 17% dos profissionais declararam que já trocaram de emprego por perceberem ou vivenciarem práticas racistas dentro da empresa.
“É necessário que as empresas fomentem uma cultura aberta às pessoas negras a partir de uma educação racial do setor de RH e com os demais funcionários da empresa. Os profissionais negros precisam se sentir respeitados, ouvidos, pertencentes e capacitados na instituição desde o processo de seleção até cargos de prestígio”, completa Vitor.
Para atingir uma mudança, alguns caminhos se sobressaem em relação a outros. Para 72% dos entrevistados no estudo, incluir um funcionário negro no processo de recrutamento e seleção de candidatos à empresa é uma das saídas para promover um local mais diverso.
No entanto, é necessário ir além apenas do recrutamento. 65% dos entrevistados também entendem que a participação de profissionais negros em processo decisórios e tomadas de decisão são fundamentais para tornar uma companhia mais inclusiva — e isso configura ter políticas para incluir esses colaboradores em cargos de liderança.
Diversidade no quadro de funcionários, não nos salários
Além de incluir colaboradores negros nos espaços de tomada de decisão, assim como nos processos seletivos, uma outra saída para garantir a inclusão e diversidade no quadro de funcionários é criar vagas exclusivas para negros. Essa opção é válida para 34% dos entrevistados, que acreditam que processos específicos são eficazes para aproveitamento de talentos dessas pessoas de uma maneira mais inclusiva.
Vale destacar que diminuir o preconceito racial também inclui promover vagas e salários mais justos. Dados do IBGE mostram que profissionais negros chegam a receber 30% a menos que profissionais brancos nos mesmos cargos.
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