Mais do que o lançamento do novo iPhone 12, iMac e um pacote de assinatura para ouvir podcasts, a Apple chamou atenção pela divulgação de uma nova política de privacidade que será utilizada no iOS 14.5. Os aparelhos deste sistema operacional devem adotar, a partir do próximo dia 26, o App Tracking Transparency – um sistema que obriga aplicativos a pedirem autorização dos usuários para rastrear a navegação e para acessar o identificador de publicidade do dispositivo.
“Se aceitarmos como normal e inevitável o fato de que tudo em nossas vidas pode ser adicionado e vendido, perdemos muito mais do que dados (…) Perdemos a liberdade de ser humanos”, disse o CEO da Apple, Tim Cook, durante uma palestra virtual na Conferência de Computadores, Privacidade e Proteção de Dados em janeiro.
Segundo a Apple, caso não haja a concessão para o rastreamento, o identificador ficará zerado e o aplicativo não terá como coletar dados sobre a navegação do usuário. “Ao enviar seu aplicativo para revisão, qualquer outra forma de rastreamento – por exemplo, por nome ou endereço de e-mail – deve ser declarada na seção de informações de privacidade da página do produto na App Store e ser realizada apenas se a permissão for concedida por meio do App Tracking Transparency”, diz a empresa.
A mudança na política de privacidade pressiona os concorrentes como Facebook e Google a se adaptarem, já que têm seus negócios baseados majoritariamente em publicidade.
Facebook faz apelo pelas “pequenas empresas”
Assim que divulgado o Tracking Transparency, em dezembro do ano passado, quando o mecanismo ainda não tinha data para entrar em vigor, o Facebook reagiu lançando uma campanha de relações públicas em oposição à Apple. A bigtech fez um apelo contra a Apple em nome de “pequenas empresas de todo o mundo”.
“No Facebook, as pequenas empresas estão no centro de nossos negócios… Muita gente que está à frente de pequenos negócios vem compartilhando preocupações sobre a atualização forçada do software da Apple, que limitará a capacidade das empresas de veicular anúncios personalizados e alcançar seus clientes de forma eficaz”, disse a empresa.
“Embora a limitação de como os anúncios personalizados podem ser usados tenha impacto sobre empresas maiores como nós, essas mudanças serão devastadoras para as pequenas empresas, acrescentando mais um desafio aos muitos que elas estão enfrentando neste momento.”
Apesar disso, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, parece convencido de que a rede social “será capaz de lidar” com as atualizações da Apple. Em bate-papo por voz na rede social Clubhouse, Mark disse que o Facebook pode estar em uma posição mais confortável “se as mudanças da Apple encorajarem mais empresas a realizar mais comércio em nossas plataformas, tornando mais difícil para eles usarem seus dados para encontrar os clientes que gostariam de usar seus produtos fora de nossas plataformas
Google já trabalha em políticas mais transparentes
Assim como o Facebook, o Google depende do rastreamento de terceiros para abastecer seu negócio de publicidade. Mas, diferentemente da rede social, o Google vem buscando melhorar sua política de privacidade por conta própria.
Em janeiro, a gigante de buscas disse que não rastrearia mais as informações dos usuários para fins publicitários, além de anunciar que, em conjunto com a Apple, buscaria uma forma amigável de compartilhar dados com os anunciantes sem que seja necessário incluir informações específicas do dispositivo ou do usuário.
“Continuamos comprometidos em preservar um ecossistema de aplicativos vibrante e aberto, onde as pessoas podem acessar uma ampla gama de conteúdo apoiado por anúncios com a confiança de que sua privacidade e escolhas são respeitadas”, disse o Google.
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