Hoje estou me despindo do meu uniforme de executiva, consultora, mentora. Trago um relato muito triste que venho travando com a Prefeitura de São Paulo – que diz por direito do cidadão PCD a isenção do rodízio municipal de veículos.
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Apesar do meu filho ter lesão permanente, causada por um derrame logo após o nascimento, e ter todo o seu lado direito do cérebro comprometido e já ter passado por três cirurgias cerebrais a cada dois anos, sou obrigada a preencher papéis, visitar à Prefeitura e esperar para conseguir a renovação do direito à isenção do rodízio municipal. É no mínimo curioso que mesmo sendo permanente a lesão, a estupidez de certas normas não são. E lá vou eu, novamente, passar por esta rotina…
Acontece que com a pandemia, a Prefeitura decidiu manter o serviço online. Mas claro que ele é dedicado àqueles que tem muita garra e vontade – exatamente as pessoas com PCD. O que mais temos é paciência, tempo sobrando e uma vontade enorme de ficarmos expostos tornando a deficiência quase que uma prisão.
Seria bom se não fosse um desastre… literalmente. Venho pedindo ajuda da Prefeitura desde setembro do ano passado. Fui pessoalmente, fiz inúmeras ligações, mas é impossível conseguir ser atendida por alguém que te atenda, entenda e facilite a vida.
Minha isenção era válida até novembro. Em outubro, entrei com o primeiro pedido. Na realidade, mandei dúvidas que tinha, além de documentos.
Depois de mais de um mês de espera, alguém simplesmente indeferiu meu pedido. O argumento era que eu precisaria anexar. Perceba: o pedido foi apenas indegerido sem ao menos a chance de continuar o processo.
Então, entrei com um novo pedido. Depois de mais de um mês, finalmente recebo a devolutiva. O e-mail avisava que precisavam de mais documentos e que se eu não enviasse, cancelariam o protocolo. Bem antipáticos! Fico me lembrando de outras situações, um tempo atrás, em que recebi um tratamento péssimo de órgãos públicos. E infelizmente agora vejo que esse serviço não mudou.
Mesmo mandando tudo o que pediram imediatamente, resolvi pedir que acelerassem o processo. Vejam bem, já era em fevereiro. E, mas uma vez, o meu pedido foi cancelado devido a uma suposta ausência de resposta àquele e-mail. Resposta essa que foi feita, tnho provas. Mas acho que o funcionário pode não ter gostado muito da minha “indelicadeza” no pedido de aceleramento do processo.
Não sei quantas pessoas eu vou conseguir atingir com esse pedido. Mas torço para que as pessoas se solidarizem com este inferno que estamos passando. Que este relato chegue a alguém com um mínimo de iniciativa e bom senso dentro da Prefeitura de São Paulo, e que eles façam algo, não só por mim, mas por todas as pessoas com ou sem deficiência.
É lamentável esta postura de total abandono dos cidadãos a um site nada amigável, largados a funcionários com má vontade, displicentes, que em nenhum momento nos possibilita ter um atendimento humano e nos deixa o sentimento de impotência, e tristeza pelo tratamento desrespeitoso, intolerante e impiedoso que recebemos.
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*Por Evelyn Rozenbaum, psicóloga, pesquisadora, consultora e professora de MBA de inteligência de consumo e marketing e CEO da Usina de Pesquisa.
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